ASSINE
search button

Apesar da proposta do governo, continua o impasse e a greve dos professores 

Compartilhar

A greve nas instituições federais de ensino completa nesta terça-feira(17) dois meses e, apesar do governo ter proposto na última sexta-feira(13) um novo plano de carreira, os sindicatos não o acataram e permanecem como "indicativo" de os professores permanecerem parados, rejeitando as promessas do governo.

O governo ofereceu um reajuste que chegaria a até 45% em três anos, a partir de julho de 2013, além da redução dos níveis da carreira, reivindicado pelos docentes. No entanto, para o coordenador do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica (Sinasefe), David Lobão, a proposta apresentada 'é para inglês ver’.

Lobão alega que com o que foi oferecido haverá perda salarial para a maioria das categorias, já que o reajuste será menor que a inflação. Sua maior crítica, porém, é com relação ao plano de carreira apresentado. Ele, na sua avaliação, impede que os mestres continuem a avançar na carreira a menos que obtenham outros títulos, como um doutorado.

A mobilização dos professores já interrompe as aulas em 95% das instituições federais de ensino, em todo o país, segundo as lideranças sindicais. Além das universidades, também estão em greve os professores dos institutos federais de educação profissional e a rede federal de colégios Pedro II, que funcionam no Rio de Janeiro. 

Além dos docentes, também estão de braços cruzados os técnicos dos institutos e das universidades, que engloba profissionais de educação de vários níveis e formações, como psicólogos, pedagogos, médicos, enfermeiros, jornalistas, pessoal de nível médio e de nível superior com especializações e outras titularidades. Eles não foram contemplados com nenhuma proposta, desde a greve do ano passado. A categoria dos técnicos nas universidades tem a FASUBRA como seu sindicato. 

O coordenador do Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II (SINDSCOPE), professor Dória, conta que a oferta do governo não resultou de um diálogo com os docentes, foi unilateral, uma ‘proposta de gabinete’. O SINDSCOPE além dos docentes também abriga os técnicos que trabalham no colégio. 

Em apoio à reivindicação dos docentes, estudantes de várias universidades e do Colégio Pedro II também decretaram greve. Para quinta-feira está programada uma marcha em Brasília. 

Ao comentar a proposta apresentada aos docentes, Dória critica a falta de diálogo por parte do governo. “Foi apresentada uma solução sem ouvir a categoria, o que dificulta demais um entendimento. A proposta contemplaria apenas os professores de universidades. A imensa maioria ficaria de fora. Por isso nós, a Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) e a Sinasefe não aceitamos”, explica Dória.

De acordo com ele, tanto o Sinasefe como a Andes já apresentaram estudos com propostas para o governo, mas eles foram ignorados.

Durante esta semana, assembleias regionais ocorrerão para analisar o novo plano de carreira proposto pelo governo e definir os próximos passos do movimento. Na próxima segunda-feira (23) uma contraproposta será apresentada em encontro com membros do governo.

Reportagem de Renan Almeida