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Pelo Twitter, senadores abrem voto contra Demóstenes Torres 

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Após a sessão que cassou o mandato de senador de Demóstenes Torres (sem partido-GO), alguns parlamentares usaram suas páginas no Twitter para revelar seus votos. Em uma sessão histórica, Torres se tornou o segundo político a ser cassado no Senado por quebra de decoro parlamentar.

"56 votos pela cassação, 19 votos pela absolvição e 5 abstenções. Eu votei Sim", declarou o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). "Votei 'sim' no processo de cassação do mandato do senador Demóstenes Torres", dizia a postagem do parlamentar Aloysio Nunes (PSDB-SP).

A senadora Marta Suplicy (PT-SP) também usou a rede social para comentar a sessão. "Já havia me manifestado em voto aberto na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) sobre Demóstenes. Votei pela cassação", postou. Marta ainda criticou o que classificou de "duas personalidades" do senador cassado. "Uma personalidade defensora da ética, que admirávamos, outra, despachante de contraventor", comentou.

Já o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) não revelou seu voto, mas comemorou o resultado da votação do Senado. "Cumprimos o nosso dever ético e aprovamos a cassação de Demóstenes, com 56 votos favoráveis", postou.

Com a decisão desta quinta-feira, Demóstenes Torres ficará inelegível por oito anos contados a partir do fim do mandato (fevereiro de 2019). Assim, só poderá concorrer a um cargo político a partir das eleições de 2028. No entender dos senadores, Demóstenes usou seu mandato para favorecer os negócios do grupo criminoso comandado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira e recebeu vantagens pelo serviço.

Carlinhos Cachoeira 

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.