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Corregedora diz que juiz deixou processo contra Cachoeira por cansaço 

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A corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, disse nesta quarta-feira que o juiz  substituto da 11ª Vara Federal de Goiás, Paulo Augusto Moreira Lima, que presidia o processo criminal aberto contra o empresário-contraventor Carlinhos Cachoeira, pediu que fosse substituído porque estava mesmo “cansado”, e não apenas temeroso em face de supostas ameaças à sua família. Ele estava à frente da ação penal há 16 meses.

“Ele não sai por medo”, disse a ministra depois de uma reunião de mais de uma hora, na sede do Conselho Nacional de Justiça, da qual participaram — além de Moreira Lima — o juiz titular da 11ª Vara Federal de Goiânia, Leão Aparecido Alves, que declarou sua suspeição; o ex-corregedor do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), desembargador Cândido Ribeiro; o presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Nino Toldo. Moreira Lima e Leão Aparecido saíram do prédio do CNJ sem dar entrevista.

O juiz substituto foi afastado do processo referente à Operação Monte Carlo, após ter relatado que sofreu ameaças veladas. Durante a reunião no CNJ, o magistrado contou á corregedora nacional de Justiça que estava “extenuado”.

Segundo a ministra Eliana Calmon, “no nosso entendimento, deixá-lo á frente do processo, depois de ele dizer que estava cansado seria um ato de desumanidade”. Ela comentou ainda que o vazamento de informações relativas à Operação Monte Carlo, mesmo antes de sua deflagração pela Polícia Federal, não prejudicou a investigação, que “foi um sucesso”.

Embora tenha procurado minimizar o episódio — considerado “gravíssimo” pelo presidente do CNJ, ministro Ayres Britto — Eliana Calmon informou que o juiz substituto confirmou ter recebido telefonema de alguém de um presídio de segurança máxima, que teria ouvido conversa de um preso “dizendo alguma coisa”. Mas, segundo a corregedora nacional, “tem muita futrica nessa história”, com “alguém dizendo que ouviu conversa de um preso dizendo alguma coisa”.  

No ofício que enviara à Corregedoria do TRF-1, no entanto, o juiz substituto da 11ª Vara Federal de Goiás relatara que “minha família, em sua própria residência, foi procurada por policiais que gostariam de conversar a respeito do processo atinente Operação Monte Carlo, em nítida ameaça velada”.