A professora de física Mônica Soares Nunes, 24 anos, criticou em entrevista ao Terra nesta terça-feira, o modelo de correção das provas do Exame Nacional do Ensino Médio. Nunes, que dá aulas no cursinho pré-vestibular Oficina do Estudante, em Campinas (SP), fez a última edição da prova e se surpreendeu ao conferir os resultados na semana passada: apesar de ter entregue a prova em branco, ela tirou uma nota acima do mínimo do teste.
Ao consultar o desempenho obtido, ela encontrou "apenas" um zero na redação, mas obteve notas satisfatórias nas demais disciplinas. Das quatro provas, em três ficou acima do desempenho mínimo. "Para passar o tempo eu até dormi. Resolvi as questões de física, mas não lancei no gabarito", contou ao destacar que sua intenção era apenas obter os cadernos de provas.
Segundo ela, o caderno é importante no seu trabalho, para poder resolver as questões no mesmo dia e fazer os comentários da prova dentro do cursinho, já que o resultado oficial do Enem costuma demorar de dois a três dias. "Os alunos estavam reclamando do resultado deles. Diziam que esperavam melhores notas. Por isso, por curiosidade fui ver a minha nota. E foi a surpresa", contou.
"Eu gosto do Enem, é um sistema importante para os candidato, mas acredito que a correção deveria ser menos burocrática", avalia. Para ela, os recentes enganos com o Enem - como os erros na correção de redações confirmados pelo MEC - provocam desconfiança.
"Para candidatos a vagas disputadíssimas, apenas um número errado na correção do Enem pode fazer a diferença. Esse é meu temor. Por isso, o método de correção deve ser de forma mais transparente", disse.