Anna Ramalho, JB Online
RIO - O ex-doleiro Jorge Piano, 80 anos, morreu em Nova York, onde vivia, dia 21 de janeiro passado, vitimado por um infarto fulminante.
O português Piano entrou no Brasil foragido da Revolução dos Cravos, em 1975, e daqui saiu fugido, em 1995, quando sua casa de câmbio, a tradicional Casa Piano cuja matriz funcionava na Avenida Rio Branco esquina com Rua Buenos Aires quebrou, lesando, entre a enorme clientela, nomes de peso da sociedade carioca, que freqüentava como um de seus mais queridos e festejados pares.
No final da década de 1980, Jorge Piano expandiu seus domínios, abrindo um banco em Nova York, o Piano Remittance Corp. Este teria sido o principal fator de sua débâcle. Segundo o noticiário da época, o banco e a Casa Piano quebraram quando a notória Jorgina de Freitas Fernandes a fraudadora do megaesquema do INSS fez um único saque da bagatela de U$ 32 milhões. Não podemos esquecer que, naquele tempo, o Brasil vivia cotado em dólar e não eram poucos os muito ricos e mesmo os mais ou menos ricos que aplicavam seu dinheiro em dólares e tinham contas nos Estados Unidos. Mais precisamente com o banqueiro Jorge Piano. Ele era de total confiança.
Foram muitos os famosos lesados por Piano: o colunista Ibrahim Sued e a ex- miss Marta Rocha, por exemplo. Marta era cunhada de Jorge, viúva do irmão dele, Álvaro Piano, falecido em 1956. Ibrahim ficou tão mal com a história, que morreu poucos meses depois do escândalo, vitimado por um enfarte.
Jorge Piano nunca mais voltou ao Brasil e, ao que se saiba, não reembolsou nem um centavo dos muitos milhões de dólares que seus clientes e amigos lhe confiaram e ele perdeu.
Nestes últimos 15 anos, dividia-se entre Nova York e Lisboa, casado com Guida, uma portuguesa que é diretora da Sotheby's. Seu primeiro casamento foi com Maria Ignez, uma doce criatura, que morreu pouco antes de o escândalo estourar, anfitriã de requintados jantares, ao lado do marido, no belo apartamento que tinham no Arpoador e na casa, não menos bela, de Teresópolis.
Já há um Guest Book na rede, colhendo mensagens de condolências. Até o presente momento, com apenas três entradas de americanos moradores de New Jersey e Connecticut.