Portal Terra
SÃO PAULO - A menina Marcela de Jesus Ferreira, que nasceu sem o cérebro, morreu por volta das 22h de ontem, após sofrer uma parada cardiorespiratória resultante de uma pneumonia. O bebê anencéfalo (sem cérebro) nasceu no dia 20 de novembro de 2006, em Patrocínio Paulista, interior de São Paulo, e superou as expectativas dos médicos porque deveria viver algumas horas e sobreviveu por um ano e oito meses.
A mãe de Marcela, a dona-de-casa Cacilda Galante Ferreira, 37 anos, contou que a filha acordou bem, mas, ainda pela manhã, passou mal e foi levada ao hospital.
Marcela chegou a tomar leite e vomitou. Exames detectaram pneumonia em um dos pulmões e ela foi transferida à cidade vizinha de Franca. - Ela viveu o tempo dela e o tempo de Deus. Estou em paz porque sei que o meu dever foi cumprido - disse Cacilda.
Aos quatro meses da gravidez, Cacilda foi avisada pela médica de que o bebê nasceria sem cérebro. Ao invés de rejeitar a criança, ela decidiu prosseguir com a gestação.
A expectativa gerada pela medicina era de que ela viveria poucas horas, mas, ao contrário do que se esperava, o bebê permaneceu vivo. Cacilda tem outras duas filhas e, para cuidar exclusivamente da caçula, se mudou do sítio da família.
Por cinco meses, Marcela e a mãe viveram no hospital, até a saúde do bebê estabilizar e a família alugar uma casa na cidade. Há dois meses, segundo a mãe, Marcela saiu do quarto e chegou a conhecer o sítio da família na zona rural.
- Foi um momento muito especial mesmo, porque ela conheceu a casa dela e nós tiramos muitas fotos. Esse é um momento que vou guardar pra sempre na minha vida - contou a mãe.
A criança é velada no salão Santo Agostinho, em Patrocínio Paulista. O enterro acontecerá às 17 horas, no Cemitério Municipal.