JUSTIÇA

Ministra Rosa Weber recebe Diploma Bertha Lutz no Congresso Nacional

Outras seis mulheres com atuação na luta pela igualdade de gênero foram agraciadas em sessão solene em homenagem ao Dia Internacional da Mulher

Por JB MULHER

Publicado em 08/03/2023 às 11:31

Alterado em 08/03/2023 às 18:01

A ministra Weber recebeu a homenagem das mãos do presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco Foto: divulgação

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, foi homenageada na manhã desta quarta-feira (8) com o Diploma Bertha Lutz, em sessão solene realizada no plenário do Senado Federal em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. O prêmio foi criado em 2001 para homenagear personalidades que se destacaram na luta pelos direitos da mulher e em questões de gênero. Ao receber a honraria das mãos do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ela reafirmou o direito das mulheres à igualdade de tratamento e de acesso aos espaços públicos como forma de luta contra a discriminação de gênero. “Não se trata de projeto realizado, mas sim de projeto em permanente construção”, disse.

A ministra ressaltou que nem mesmo o Poder Judiciário em seus campos de atuação “está imune à cultura de subjugação e de desqualificação do feminino de que está impregnada a sociedade brasileira” e manifestou grande preocupação com o crescimento alarmante do número de casos de violência contra a mulher. Segundo ela, em sociedade marcada pelo machismo estrutural, edificaram-se as estruturas procedimentais e de tomada de decisão, “de modo a não considerar a mulher como um ator político institucional relevante no projeto democrático constitucional”.

Nesse sentido, defendeu a necessidade de revisão de normas, práticas e políticas reprodutoras de desigualdade de gênero, de forma a se conquistar igualdade formal, na lei, e uma igualdade substancial efetiva. Citando a historiadora Mary Del Priore, a ministra lembrou que a questão feminina no Brasil permaneceu excluída da própria história como disciplina até a década de 1970 do século XX. Disse que o espaço era demarcado pelas representações masculinas dos historiadores que produziam com exclusividade a reconstituição da história. Na avaliação dela é preciso evoluir nas conquistas, “sobretudo sob a ótica das relações de poder na sociedade”.

 

Demais homenageadas

Juntamente à ministra Rosa Weber foram agraciadas com o diploma a cientista política Ilona Szabó, a diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, a jornalista Nilza Valéria Zacarias e a socióloga Rosângela Silva (Janja). Os nomes foram indicados pela bancada feminina no Senado, atualmente composta por 15 senadoras. O prêmio também foi entregue in memoriam à indígena potiguara Clara Filipa Camarão, considerada uma das heroínas da pátria por ter liderado um grupo de mulheres contra as invasões holandesas no século XVII, em Pernambuco, e à jornalista Glória Maria, que morreu no mês passado vítima de câncer.

Rosa Weber disse receber com honra e orgulho um diploma com o nome de Bertha Lutz e ao lado de mulheres tão expressivas e com tantas contribuições relevantes para questões de gênero. “Que nós, homens e mulheres, possamos sempre caminhar lado a lado na construção de uma sociedade mais justa”, concluiu ao compartilhar a honraria com as juízas e demais mulheres guerreiras e valentes do Brasil.

 

Bertha Lutz

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse do orgulho de conceder o prêmio Bertha Lutz como símbolo de luta em defesa da igualdade incondicional entre homens e mulheres. Ele lembrou que a bióloga, advogada e ativista do movimento feminista foi uma das poucas mulheres a participar da Carta das Nações Unidas, em 1945, atuando para garantir que os direitos das mulheres estivessem previstos e garantidos no documento em favor dos direitos humanos e da paz mundial. Segundo Pacheco, “é preciso assegurar a representação feminina nos espaços de poder e na política”, destacando que o legado de Bertha Lutz segue muito bem representado. (com Ascom STF)