INFORME JB

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Para não errar, GNews faz supercobertura das eleições no Congresso

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Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
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Publicado em 31/01/2023 às 16:20

Alterado em 31/01/2023 às 18:19

Plenário do Senado Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Em 1º de fevereiro de 2015, a GloboNews cometeu uma das maiores mancadas em seus menos de 20 anos de existência (fiz parte da turma inicial do canal de outubro de 1996, até maio de 2001, quando fui chamado para ser diretor de conteúdo da Globo.com). Acreditando no noticiário político, de que a disputa pelo comando da Câmara dos Deputados iria para o 2º turno entre o deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) e o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), o canal escalou como âncora no domingo, 1º de fevereiro, o jornalista Dony De NUccio, apresentador do Conta Corrente, mas neófito em política.

Quando abre o “flash” direto da Câmara, percebe-se, pela euforia em torno de Cunha, que o deputado já tinha vencido a parada. Um olhar mais atento no painel confirmaria a vitória do deputado fluminense, em 1º turno, por 267 votos contra apenas 136 de Chinaglia.

Mas De Nuccio ignora os fatos e insiste em perguntar à saudosa Cristiana Lobo como seria o 2º turno.

Mico total.

Vitória capital

A história mostrou que aquela eleição teve importância capital no andamento do "impeachment" da presidente Dilma. Favorito, Eduardo Cunha tomou como uma afronta pessoal a intenção da presidente, reeleita em 2014 num pleito apertado, de impor um candidato do PT no comando da Câmara.

Cunha se empenhou em impor derrota fragorosa na votação. E passou a minar as ações do governo, com as chamadas "pautas bombas". E o trabalho de sapador terminou no “impeachment”. Mas Cunha também foi cassado.

Estúdio especial em BSB

O andamento da eleição mostrou que a pertinácia das análises e os furos de informação fizeram a diferença para os espectadores e os anunciantes. Enquanto os canais bolsonaristas, como a Jovem Pan, derreteram e promovem guinada de 180 graus (curiosamente, a CNN que tinha um noticiário chamado 360 graus também saiu chamuscada e cortou muita gente).

A GNews cresceu a audiência e quer manter a liderança. Até aqui está mandando nas ações junto ao governo Lula e não quer perder espaço no Legislativo. Por isso, montou esta semana um estúdio especial no Congresso para cobrir os bastidores das duas eleições para a Câmara e o Senado.

Câmara é sempre importante

Na eleição anterior de Arthur Lira (PP-AL) para a mesa da Câmara, em 1º de fevereiro de 2021, já com a concorrência da CNN, a GNews se preparou melhor. Mas não avaliou tão bem o favoritismo do deputado alagoano, que tratorou Baleia Rossi, do MDB, por 302 a 145 votos em 1º turno.

E o tratoraço de Arthur Lira continuou até a eleição de Lula. Ele perdeu o Orçamento Secreto, mas mantém muito poder. Tanto que Lula preferiu não criar caso e se compor na distribuição dos cargos nas comissões importantes, sobretudo na Comissão de Constituição e Justiça, que analisa e dá pareceres às principais propostas a serem votadas. Incluindo pedidos de “impeachment”.



Senado faz a diferença

Há um velho vício do jornalismo político de valorizar as ações da oposição (sobretudo quando ela é da corrente de esquerda, pensamento mais palatável à maioria dos jornalistas). Nos canais mais conservadores, dá-se o inverso.

Na eleição para a mesa do Senado, em 1º de fevereiro de 2021, não se daVa tanto favoritismo de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) contra Simone Tebet (MDB-MS). Mas Pacheco levou 57 dos 81 votos dos senadores, contra 27 de Simone Tebet, que viu ali a chance de projeção nacional, amplificada na CPI da Covid.

O Senado é a grande câmara revisora e tem papel fundamental na discussão de um novo pacto federativo, a ser discutido por Lula no âmbito da reforma tributária, com uma nova redivisão de impostos e atribuições entre União, estados e municípios. É ainda no Senado que podem ser definidos pedidos de “impeachment” contra o presidente e o vice, e ministros, incluindo os do STF.

Sedução nos jantares

A musculatura dos aliados de Bolsonaro nas eleições de outubro cresceu com a eleição de muitos senadores do PL (que está com 14 membros), seis do PP e quatro do Republicanos. Formaram um bloco em torno do senador Rogério Marinho (PL-RN), que militou muitos anos no MDB.

Mas a bancada do PT também cresceu para 9 senadores, dois dos quais são ministros de Lula e vão se licenciar para tomar posse: Wellington Dias (PI), da Cidadania, e Camilo Santana (CE), da Educação, além de Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública (PSB-MA) e Renan Filho (MDB-AL), dos Transportes. O aliado principal de Lula no Senado é o PSD, partido de Gilberto Kassab e do senador Rodrigo Pacheco, que está para chegar a 15 integrantes.

O instrumento das federações partidárias acabou concentrando cinco agremiações com mais de 9 senadores.

Uma das mais disputadas é a União Brasil (resultado da fusão do PSL com o DEM), que ficou com 10 senadores, mesmo número do MDB. Divididas, as duas bancadas são cortejadas por Pacheco e Marinho.

Em torno deles ocorreram esta semana movimentados jantares oferecidos por Rodrigo Pacheco e pelo ex-ministro do Desenvolvimento Regional. Até aqui, Pacheco parece ter folga de 10 votos.

Mas só o painel eletrônico vai mostrar, amanhã à tarde, quem traiu quem.

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