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Apesar do impacto das críticas do irmão de Ciro Gomes ao PT, ordem é não polemizar

Renato S. Cerqueira /AE -
Jaques Wagner disse que declarações de Cid Gomes contra o PT foram no calor da campanha
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As declarações do senador eleitor Cid Gomes (PDT-CE), irmão do candidato Ciro Gomes (PDT), que ficou em terceiro lugar no 1º turno das eleições, durante um comício da candidatura de Fernando Haddad caíram como uma bomba na campanha do presidenciável do PT. De forma ácida, Cid atacou o PT e cobrou autocrítica do partido. Apesar do impacto, e mesmo que isso vire munição do adversário Jair Bolsonaro, do PSL, a ordem na campanha de Haddad é não polemizar. Todos reconhecem que foi muito ruim e inoportuno, mas qualquer acerto de contas com os irmãos Gomes só deve ocorrer depois das eleições.

O próprio Haddad foi o primeiro a evitar o confronto e atribuiu as declarações a “razões locais ali do Ceará”. “Eusei que não é comigo o problema”, comentou o candidato petista, ontem, em entrevista à rádio Jovem Pan. “Entendo essas arestas que têm de ser aparadas, mas meu respeito por eles continua o mesmo. Meu desejo de que eles participem da campanha continua o mesmo. Vamos seguir a vida”, completou Haddad. O articulador político da campanha, Jaques Wagner, seguiu o mesmo tom ao afirmar que as declarações do pedetista foram feitas “no calor da campanha”. Segundo o senador eleito pela Bahia, já é suficiente contar com o “apoio crítico” do PDT e de Ciro Gomes. “As pessoas vão votar já. O Fernando Henrique já disse que não vota no outro, o Ciro já disse que não vota no outro.”

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Jaques Wagner disse que declarações de Cid Gomes contra o PT foram no calor da campanha (Foto: Renato S. Cerqueira /AE)

Em Fortaleza, na noite de anteontem, Cid fez elogios ao PT, mas cobrou um mea culpa do partido. “Tem de pedir desculpas, tem de ter humildade, e reconhecer que fizeram muita besteira”, disse. Cid foi vaiado pela plateia, que começou a gritar o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Lula o quê? Lula tá preso, ô babaca. O Lula tá preso. O Lula tá preso. E vai fazer o quê? Babaca, babaca. Isso é o PT. E o PT deste jeito merece perder”, reagiu Cid Gomes.

Logo após o 1º turno, Ciro viajou para a Europa e não respondeu aos convites para integrar o comando da campanha de Haddad e participar de atos em defesa da candidatura do petista, episódio que já contrariou petistas e aliados. Após as críticas, Cid Gomes ainda tentou remediar sua fala. “Comparei os dois nomes que estão no 2º Turno. O Haddad é infinitamente melhor que o Bolsonaro. Eu não quero me vingar de ninguém. Para o Brasil o menos ruim é o Haddad. Por isso penso que seria melhor que ele ganhasse”, escreveu ele, no Facebook, além de ter gravado vídeos que circulam pelas redes sociais.

O estrago, no entanto, já estava feito e as declarações viraram um prato cheio para a campanha de Bolsonaro atacar o PT. Na internet e em grupos de whatsapp, o vídeo do discurso de Cid começou a ser explorado imediatamente e chegou ao terceiro assunto mais comentado no Twitter Brasil, com a Hashtag #LulaTaPresoBabaca. A abertura do programa eleitoral de Bolsonaro, na noite de ontem, deu destaque às críticas do senador eleito. A propaganda diz ainda que a rejeição de Haddad não para de crescer porque esta é a eleição do “Brasil contra o PT”.

Haddad parte para confronto

Como vem fazendo nos últimos dias, a campanha de Haddad vai cada vez mais partir para cima de Bolsonaro para desconstruí-lo. Pelo Twitter, o petista também foi para o confronto ao cobrar a participação do deputado nos debates. Depois que Bolsonaro o chamou de “Andrade” e disse que “quem conversa com poste é bêbado”, Haddad rebateu e disse que “tuitar e fazer live é fácil”. “Vamos debater frente a frente. O povo quer ver você aparecer na entrevista de emprego”. Ainda é esperado no programa eleitoral que Haddad faça uma espécie de autocrítica em relação aos erros do partido, como ele mesmo vem afirmando nas entrevistas. Tracking interno da campanha mostra que diminuiu em 6 p.p. a distância entre os dois candidatos.