ASSINE
search button

PDT dá apoio a Haddad

Presidente do partido, Carlos Lupi diz que democracia corre risco no caso de vitória de Bolsonaro

Tiago Queiroz/AE -
Haddad reúne-se, hoje, com representantes de igrejas Católica, Luterana, Anglicana e Batista
Compartilhar

O PDT confirmou, ontem, em Brasília, que fará um “apoio crítico” ao candidato do PT, Fernando Haddad, no segundo turno das eleições presidenciais. Após reunião do comando da legenda, o presidente Carlos Lupi afirmou que a democracia brasileira corre riscos diante de uma eventual vitória do presidenciável Jair Bolsonaro, do PSL. “Nós somos muito mais um voto contra ele [Bolsonaro], esse risco que ele representa à democracia, aos direitos humanos, às liberdades individuais, às opções individuais do que a favor do Haddad. Mas não vamos nos omitir”, disse. O candidato do PDT, Ciro Gomes, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, deixou a reunião sem dar entrevistas. “Abaixo o fascismo, pela democracia, abaixo a ditadura!”, disse ao deixar o encontro.

A posição crítica do PDT é fruto de mágoa com o PT e, em especial com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que trabalhou pelo isolamento do partido durante a campanha de Ciro Gomes. Mas, segundo Lupi, a memória da ditadura militar está no partido. “Agora não é hora de olhar só para a nossas divergências. Nós já sofremos 64 [ano do golpe militar] sabemos o que foi 68 [quando o AI5 foi baixado], nós somos filhos e netos dos que sofreram pela ditadura. Nós somos o partido dos cassados, oprimidos, exilados e mortos. Em nome dessa memória quero alertar o povo brasileiro o risco que o Brasil corre elegendo essa personalidade que hoje engana o povo brasileiro”, disse Lupi.

Macaque in the trees
Haddad reúne-se, hoje, com representantes de igrejas Católica, Luterana, Anglicana e Batista (Foto: Tiago Queiroz/AE)

Para Lupi, o apoio a Haddad ocorre sem qualquer reivindicação, participação na campanha ou no governo do PT, caso o ex-prefeito de SP seja eleito. Sobre a posição do PDT nos estados, Lupi afirmou que os estados onde o partido disputa o segundo turno com candidatos do PT serão analisados caso a caso, mas o apoio a Bolsonaro está vetado. Presente ao encontro, a senadora Kátia Abreu, vice de Ciro nas eleições, ex-ministra do governo Dilma e ferrenha defensora da ex-presidente durante o processo de impeachment, fez críticas ao PT e afirmou que ficará neutra no segundo turno. Ela disse votará nulo ou em branco.

Desde segunda-feira, Fernando Haddad intensificou as articulações para as alianças e a posição mais esperada era justamente a do PDT de Ciro Gomes, que teve mais de 13 milhões de votos no primeiro turno. O desejo é que o pedetista tenha uma participação mais ativa nessa reta final, inclusive, integrando o comando da campanha. Apesar do anúncio do PDT de apoio crítico, um encontro entre os dois ainda não está descartado. Depois de receber o apoio do PSOL e PSB, Haddad, recebeu governadores petistas e aliados. Ontem, o petista se reuniu com seis centrais sindicais, entre elas CUT e Força Sindical, que declararam apoio ao candidato.

A intenção da campanha de petista é reunir o máximo de forças democráticas ao seu lado para superar Bolsonaro no segundo turno e isso inclui angariar apoios de centro, do empresariado, movimentos sociais e da sociedade civil organizada. Haddad pretende também procurar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para conversar sobre as eleições. Hoje, o candidato do PT estará em Brasília, onde se reunirá com representantes de diversas igrejas, como a CNBB, da Igreja Católica, e as igrejas Anglicana, Batista e Luterana.