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Congresso tem maior renovação desde 1990

Reprodução -
Bancadas no Senado
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O embaralhado processo eleitoral deste ano, indefinido desde as primeiras pesquisas de intenções de voto, contrariou todos os prognósticos ao alcançar índice recorde de renovação, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). A composição do Congresso Nacional será renovado em 60% dos parlamentares a partir de 1º de fevereiro de 2019 .

Por causa das mudanças promovidas pela reforma política, a expectativa entre os especialistas era de que o índice ficaria abaixo da média histórica de 49%. O Diap faz o acompanhamento dos processos eleitorais desde 1990, quando houve a primeira eleição pós-reabertura democrática. Esta, segundo o órgão, será a maior renovação já registrada. No Senado, 85% dos eleitos são novos e na Câmara, a renovação chegou a 47,3%.

Para o cientista político Antônio Augusto Queiroz, diretor do Diap, o resultado das urnas representa a rejeição ao sistema político vigente. Na avaliação do especialista, não fossem as mudanças feitas pela reforma política, o índice de renovação seria ainda maior.

Ele reforça que a criação do fundo eleitoral, o tempo curto de campanha, os superpoderes dados aos partidos na determinação dos critérios de escolhas dos candidatos e constituíram um limitador para a renovação da casa. “Mesmo com todas as restrições colocadas pela reforma política, o número de novos parlamentares foi recorde”.

O PSL, impulsionado pelo candidato a presidente Jair Bolsonaro, cresceu de maneira surpreendente. Na Câmara, saltou de oito para 52 deputados e será a segunda maior bancada, perdendo apenas para o rival PT, que elegeu 56 deputados. No Senado, o PSL não tinha representação e passará a ter quatro cadeiras.

“Nem mesmo os dirigentes do partido esperavam um crescimento tão elevado. O patamar máximo que acham que chegariam era de 30%, mas sempre apontavam uma perspectiva mais moderada, de 20%”, comenta Queiroz.

Entre os partidos que encolheram na Câmara, o destaque vai para o PSDB, do candidato Geraldo Alckmin. Saiu de 49 para 29 deputados. O MDB, que tinha 51 deputados, passará a 34. O PT, embora constitua a maior bancada, perdeu cinco deputados. O Democratas tinha 43 parlamentares na Câmara e em 2019 ficará com 29.

A renovação, na visão de Queiroz, não significa melhora qualitativa dos políticos. “São dimensões da negação do sistema político. O eleitor se identifica com alguém que negue o que está aí. A população desopilou o fígado, sem analisar a história ou o argumento ideológico do candidato”, disse, apontando que o Congresso tende a ter perfil mais conservador.

Na avaliação do analista, tanto Bolsonaro quanto Fernando Haddad, candidato do PT, terão dificuldade para encarar o Congresso. “Qualquer um dos dois, parte de um patamar de 120 votos. Um número significativo para aprovar matérias mais simples. Mas o presidente eleito terá que ter muita habilidade para conseguir passar, por exemplo, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

Mulheres na Câmara

Dos 513 deputados federais eleitos e reeleitos, 77 são mulheres, o que representa 15% do total da Câmara. Apesar de o número ainda ser baixo é maior em comparação às eleições de 2014, quando 51 mulheres chegaram ao Legislativo Federal. O maior número de mulheres eleitas é de São Paulo, com 11. A mais bem votada foi a cientista política Tábata Amaral (PDT), com 264.450. Proporcionalmente, o Distrito Federal está na frente. Das oito vagas na Câmara, cinco serão ocupadas por deputadas. As três primeiras colocadas na votação são mulheres: Flavia Arruda (PR), Erika Kokay (PT) e Bia Kicis (PRP). A única reeleita foi a petista. O DF também mandou para a Câmara: Paula Belmonte (PPS) e Celina Leão (PP). Três estados não elegeram mulheres para a Câmara: Amazonas, Maranhão e Sergipe. Em relação aos partidos, entre as eleitas, dez são do PT, legenda do presidenciável Fernando Haddad, e nove do PSL, sigla do também presidenciável Jair Bolsonaro. Das 54 cadeiras do Senado em disputa nestas eleições, sete serão ocupadas por mulheres – 12,9% do total. Foram eleitas para o Senado: Leila do Vôlei (PSB), Eliziane Gama (PPS), Juíza Selma Arruda (PSL), Soraya Thronicke (PSL), Dra. Zenaide Maia (PHS), Mara Gabrili (PSDB) e Daniella Ribeiro (PP).