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Ciro e Alckmin no ataque

Na tentativa de romper com a polarização, pedetista e tucano se apresentam como terceira via

Marco Silva/AE -
Ciro diz que cena política parece uma dança à beira do precipício
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Na reta final da corrida presidencial, os candidatos Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), respectivamente em terceiro e quarto lugar nas pesquisas de intenção de voto, estão adotando bordões semelhantes. Os dois se esforçam para se apresentar como terceira via ante a polarização entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).

“Eles Não”, tem dito Alckmin nas entrevistas e na propaganda de rádio e TV, em trocadilho com a campanha #EleNão, contrária à eleição de Bolsonaro. Variando no mesmo tema, Ciro Gomes declarou ontem, em entrevista à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte (MG), que o eleitor “não precisa votar no `coisa ruim` ou no `coisa pior`, colocando-se como alternativa “ficha limpa, com boas propostas, experiencia e capacidade de dialogar”.

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Ciro diz que cena política parece uma dança à beira do precipício (Foto: Marco Silva/AE)

Ambos os candidatos tentam atrair a simpatia do eleitor que pretende votar em um para que o outro não ganhe a eleição. “Você não precisa votar no PT porque não gosta do Bolsonaro, nem votar no Bolsonaro porque não gosta do PT. Me dê uma chance, analise minha história”, apelou Ciro na mesma entrevista. Alckmin, por sua vez, em visita à região de Perus, Zona Norte de São Paulo, disse que “tem eleitor que vota no Bolsonaro porque não quer o PT”.

Para Ciro Gomes, o cenário político atual representa uma “dança na beiro do precipício, que é esse enfrentamento radicalizado para que está sendo levado o nosso país”. Enquanto Alckmin afirma que “o caminho não é dos radicais, porque eles não vão ajudar a diminuir o desemprego ou trazer paz para o Brasil e fazer a economia crescer”.

As duas campanhas também retratam Haddad como a volta da corrupção ao país e Bolsonaro como extremista e despreparado. A divulgação de parte da delação premiada de Antônio Palocci, liberada de sigilo na segunda-feira pelo juiz Sergio Moro, que conduz as investigações da Operação Lava Jato reforça a argumentação dos dois.

Para Alckmin, as revelações terão resultado ainda no primeiro turno das eleições. Par que isso aconteça, a campanha tucana vai explorar, nos últimos programas de Rádio e TV, as declarações do ex-ministro dos governos Lula e Dilma. A propaganda que foi ao ar ontem à noite faz uma alarmante descrição da situação. “Escândalo: Lula sabia de tudo. A delação de Palocci mostrou que Lula sabia da corrupção da Petrobras desde 2007”, disse o narrador, enquanto o vídeo mostrava imagens de matérias publicadas em sites e jornais. “Se o PT, voltar a corrupção vai continuar”, finaliza o narrador.

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Alckmin resolveu usar contra o PT a delação do ex-ministro Palocci (Foto: Matheus Reche/AE)

O mesmo vídeo diz que Bolsonaro também não é alternativa porque tanto um quanto o outro “são ameaça real para o futuro do Brasil. Porque os dois foram sempre iguais”. A propaganda diz que tanto Bolsonaro quanto o PT votaram da mesma forma em várias matérias debatidas no Congresso Nacional.

Ciro Gomes, por seu turno, questionou: “Esse filme nós não já vimos? Será que nós vamos aguentar continuar essa novela? A novela do Petrolão, do Mensalão. Será que o Brasil não precisa mudar o assunto?”.

Os dois candidatos também procuram minimizar os resultados apresentados pelas pesquisas de intenção de voto. “É preciso que a gente não dê aos institutos de pesquisa o direito de escolher por nós”, comentou Ciro, que disse ter ido a Minas Gerais para pedir aos mineiros que ampliem a sua margem nas urnas. “Num país em que até se compra e vende deputado, é necessário ter uma certa reserva em relação aos institutos de pesquisa”. Alckmin disse que as pesquisas internas do seu partido revelam elevação de sua posição junto ao eleitorado e baixa rejeição. “Essa semana é a mudança. Vamos trabalhar forte até domingo”, disse.

Matheus Reche/AE - Alckmin resolveu usar contra o PT a delação do ex-ministro Palocci