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Revista Veja revela que ex-mulher acusou Bolsonaro de furto e ocultação de patrimônio

Fabio Motta/AE -
Ana Cristina Valle
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A oito dias do primeiro turno das eleições, foram divulgadas, ontem, novas denúncias envolvendo o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, que lidera as pesquisas de intenções de votos. A revista Veja noticiou que a advogada Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidenciável, o acusou de furto, ocultação de patrimônio e de receber pagamentos não declarados. A denúncia ocorre na véspera da manifestação de mulheres contra o candidato, convocada para hoje em todo o país.

Segundo a reportagem de capa da “Veja”, Ana Cristina, que atualmente usa o sobrenome do presidenciável e é candidata a deputada federal pelo Podemos, no Rio de Janeiro, fez as acusações em uma ação aberta, em 2008, no Tribunal de Justiça, logo após a separação do casal. No processo, ela acusa Bolsonaro de furtar seu cofre em uma agência do Banco do Brasil em 2007, e levar todo o conteúdo – joias avaliadas em R$ 600 mil, US$ 30 mil em espécie e mais R$ 200 mil em dinheiro vivo.

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Ana Cristina Valle fez a acusação em processo de separação que chegou a mais de 500 páginas (Foto: Fabio Motta/AE)

O furto foi registrado boletim de ocorrência na 5ª Delegacia da Polícia Civil, e confirmado pelo então gerente do banco, Alberto Carraz, em depoimento. A matéria revela ainda que, segundo Ana Cristina, Bolsonaro ocultou seu patrimônio pessoal na campanha eleitoral de 2006, quando foi candidato a deputado federal. Ele havia declarado à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 433,9 mil, mas, sua ex-mulher apresentou relação de bens e a declaração do Imposto de Renda que comprovavam que o presidenciável tinha bens no valor de R$ 7,8 milhões.

No processo, de mais de 500 páginas, Ana Cristina ainda disse que o ex-capitão recebia “outros proventos” e que sua renda mensal alcançava cerca de R$ 100 mil, embora o salário de deputado fosse de R$ 26,7 mil e de militar da reserva R$ 8,6 mil. A “Veja” também revelou que na ação a ex-mulher conta que resolveu se separar por causa da “desmedida agressividade” e do “comportamento explosivo” de Bolsonaro. Hoje, no entanto, Ana Cristina nega as acusações: “Quando você está magoado, fala coisas que não deveria”. Pelo Twitter, Bolsonaro disse ser alvo da mídia: “Estamos na reta final para as eleições. Mais uma vez parte da mídia de sempre lança seus últimos ataques na vã tentativa de me desconstruir. O sistema agoniza, vamos vencê-lo”.

“Diferente do candidato presidiário, sempre me posicionei contra o controle da mídia. Mesmo assim sou o alvo favorito. Parece que a liberdade não interessa para parte da imprensa aparelhada, mas apenas as relações promíscuas com a esquerda, nocivas à informação e à democracia”, diz ele.

No fim da tarde, o advogado Gustavo Bebiano, presidente do PSL, protocolou no Ministério Público do Rio notícia-crime contra a “Veja” pela publicação de matéria, com base em processo de família, de caráter sigiloso. No documento, Bolsonaro pede que a Justiça recolha todos os exemplares da revista no país.

Na última terça-feira, o jornal “Folha de S. Paulo” divulgou telegrama, de 2011, em que Jair Bolsonaro pediu ajuda do Itamaraty para ter informações sobre seu filho, que tinha ido para a Noruega com a ex-mulher, Ana Cristina. O documento mostra que ela contou ter deixado o Brasil por sofrer ameaças de morte por parte de Bolsonaro. Apesar de o Itamaraty ter confirmado as informações, a advogada tem negado o episódio.

Bolsonaro declarou ontem, em entrevista ao programa de José Datena na TV Band, que não aceita um resultado das eleições que não seja a sua vitória. “Não posso falar pelos comandantes [militares]. Pelo que vejo nas ruas, não aceito resultado diferente da minha eleição”, disse o candidato, que deu a entrevista em seu quarto no hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde está internado desde o começo do mês após sofrer atentado em Juiz de Fora. Segundo o deputado, a única possibilidade de vitória do PT viria pela “fraude”.