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Haddad busca alianças, mas pensa também nas futuras negociações com o Congresso

Lucas Erbes/AE -
Fernando Haddad, em campanha no Sul, afirmou que vai dialogar e aceitará o apoio de quem quiser se juntar ao seu plano de governo
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Com o presidenciável Fernando Haddad, do PT, com chances reais de enfrentar Jair Bolsonaro, do PSL, no segundo turno, o candidato petista mantém a decisão de não atacar seus adversários de campanha. A estratégia faz parte do estilo de Haddad, mas também leva em conta os apoios a sua candidatura na reta final das eleições de 2018 e a aprovação de seu programa de governo no Congresso. Com a expectativa de analistas políticos de que a taxa de renovação no Parlamento será uma das mais baixas da história, o maior desafio do novo ocupante do Palácio do Planalto será sobre que parâmetros serão feitas as alianças para garantir a chamada governabilidade e a aprovação das promessas feitas na campanha eleitoral.

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Fernando Haddad, em campanha no Sul, afirmou que vai dialogar e aceitará o apoio de quem quiser se juntar ao seu plano de governo (Foto: Lucas Erbes/AE)

No caso do PT, esse tema é sensível, pois o partido sofreu inúmeras críticas pela ampla aliança partidária firmada nas gestões petistas e, hoje, pelas coligações com políticos que votaram a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Um dos argumentos de Haddad é que muitos deles se “reposicionaram”, ou seja, admitiram que foi um erro apoiar o impeachment de Dilma.

Segundo a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, “quem quer seja eleito vai ter que negociar com o Congresso”, mas “sem abrir mão da linha programática que está sendo pactuada com a população na eleição”. “Eu acho que as negociações tem que ser em cima dos projetos que se quer aprovar, em cima do debate político. O que a gente não vai ter possivelmente num novo governo é uma aliançona para governar todo mundo junto dentro do governo como das outras vezes. Isso não se mostrou factível”, disse

Ao longo da campanha, Haddad tem dito que pretende buscar a união “pelo diálogo” com a sociedade e o Congresso, que, segundo ele mesmo já afirmou, “vai ter centrão, vai ter direita, extrema direita, bancada da bala”. O estilo conciliador do petista é uma das principais caraterísticas do candidato, apontada ex-vice-prefeita de São Paulo na gestão de Haddad, Nádia Campeão, do PCdoB, integrante da coordenação da campanha petista. Segundo ela, ao fazer um paralelo com a gestão na capital paulistana é possível afirmar que, sendo eleito, o presidenciável petista irá conversar com todos os partidos. “Esse é o estilo dele, ele não é beligerante, o que não quer dizer abrir do ponto de vista do projeto dele. Na prefeitura, o que ele defendeu, defendeu durante todo o mandato dele”, afirma.

Haddad tem dito que aceitará o apoio de quem quiser se juntar ao seu plano de governo em um eventual segundo turno. “Segundo turno é momento de já pensar em aprovar propostas no Congresso. Aqueles que quiserem se somar ao nosso plano de governo, nós vamos dialogar, tendo como base o que foi defendido no primeiro turno”, disse em uma coletiva de imprensa. Ontem, no Rio Grande do Sul, Haddad voltou a afirmar ter “certeza” de que PT e PDT, do presidenciável Ciro Gomes, irão apoiar um ao outro, seja quem passe para a fase final da eleição presidencial. “Nós estaremos juntos no segundo turno, eu tenho certeza. Posso te assegurar que a nossa vontade é estar junto”, enfatizou lembrando que PT e PDT são aliados na gestão do governo do Ceará, base eleitoral dos Ferreira Gomes, a família de Ciro.