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Em recuperação, Bolsonaro monopoliza campanha eleitoral

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O candidato à presidência Jair Bolsonaro agradeceu, nesta sexta-feira (7), do Hospital Albert Einstein, o apoio de seus seguidores, um dia após ser ferido por uma facada durante um comício eleitoral em Juiz de Fora.

"Estou bem e me recuperando", tuitou o candidato da UTI hospitalar em São Paulo.

"Agradeço do fundo do meu coração a Deus, minha esposa e filhos, que estão ao meu lado, aos médicos que cuidam de mim (...) e a todos pelo apoio e orações", afirmou o deputado.

Bolsonaro foi transferido na manhã desta sexta para São Paulo da Santa Casa de Juiz de Fora, onde recebeu a facada que provocou três perfurações no intestino delgado, uma lesão grave no intestino grosso e outra na veia abdominal.

O candidato do Partido Social Liberal (PSL) "está consciente e em boas condições clínicas", informou o Albert Einstein.

A Polícia Federal investiga se o autor do ataque, identificado como Adélio Bispo de Oliveira, contou com cúmplices, apesar de ele ter afirmado ter agido "completamente sozinho" e por motivações político-ideológicas, segundo seus advogados, que pediram exame psiquiátrico.

Após ser preso, ele disse à polícia que agiu "cumprindo uma missão divina, uma missão de Deus".

A Justiça ordenou sua transferência para uma prisão federal de segurança máxima, informou a PF.

O presidente Michel Temer se reuniu nesta sexta em Brasília com os ministros de Justiça e Segurança para tratar a situação, e a PF convocou para sábado um encontro com os chefes de campanha dos candidatos a presidência para discutir o reforço da segurança durante a campanha.

O atentado agitou uma das campanhas eleitorais mais polarizadas e incertas das últimas décadas.

O ex-militar, em vídeo gravado e divulgado na quinta-feira por um senador aliado após sua cirurgia, lamentou não assistir ao desfile militar desta sexta no Rio de Janeiro por ocasião do Dia da Independência.

"Mas estamos com coração e mente, sempre tendo um Brasil acima de tudo e Deus acima de todos", afirmou.

O atentado, segundo analistas, poderia ajudar Bolsonaro a reduzir a rejeição dos eleitores, além de reforçar o apoio de seus seguidores.

Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva polarizaram a campanha, até que o ex-presidente, preso desde abril por corrupção, foi excluído na semana passada da corrida presidencial pela Justiça eleitoral.

Até aquele momento, Bolsonaro aparecia em segundo nas pesquisas, mas agora lidera com 22% das intenções de voto, como aponta a pesquisa Ibope divulgada na quarta-feira (5), à frente de Ciro Gomes e de Marina Silva que, no entanto, conseguiriam derrotá-lo no segundo turno.

As eleições de outubro devem concluir um mandato intenso, marcado pelo impeachment, em 2016, da presidente Dilma Rousseff, pela prisão de Lula, pela recessão econômica de dois anos e por diversos escândalos de corrupção, alcançando inclusive o atual presidente, Michel Temer.

Na última semana, o descontentamento nacional aumentou, com o incêndio do Museu Nacional do Rio, que continha a maior coleção de história natural da América do Sul, acumulada ao longo de dois séculos.

"Em cinco dias nós tivemos a pior tragédia da história da ciência brasileira, com a destruição do Museu Nacional, e o gesto mais violento numa eleição presidencial no país, e tudo isso na semana da Independência. Claro que este 7 de setembro vai ser marcado por muita tristeza, por sentimentos de luto e de preocupação" , disse à AFP o cientista político Maurício Santoro.