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Tempo de ofensas e inverdades

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Já nos primeiros dias da pré-campanha eleitoral, em meados do ano, quando começavam a ser traçados os perfis dos candidatos, entre eles, principalmente, os que corriam para disputar a Presidência da República, o que mais se temeu foi a utilização das redes sociais como veículo de difamações e inverdades, que, vindo em volume devastador, poderiam chegar a um patamar indesejável para a perturbação do processo de votação. No Supremo Tribunal Federal, um dos ministros foi além, ao admitir até, ante tamanha distorção, que a própria eleição estaria perigando. Se não chegou a tanto, para confirmar tal temor, certo é que as fake news causaram visíveis estragos.

Advertências e apelos ao bom senso não foram suficientes para impedir e eliminar o fenômeno, porque os instrumentos eletrônicos de comunicação acabaram hospedando agressões, sem que houvesse fonte única de procedência, mas sempre tendo como principais alvos os candidatos a governador e a presidente. O mal se amplia quando se veste com a capa do anonimato. Não é outra coisa o que se tem visto.

Não extinto o mal, fica uma lição para ser aprendida, com empenho de todos, de sempre colocar sob suspeita a produção desses materiais agressivos, cujos autores exageram nos ataques, inventam demais, excedem na divulgação de falsas notícias; o que seria bastante para despertar o descrédito entre os eleitores, sejam quais forem seus níveis de escolaridade.

O que se espera, com base na dolorosa experiência destes nossos dias é que, para felicidade geral da nação, não se repita, em pleitos posteriores e em todas as atividades políticas e sociais, a sinistra previsão de que a notícia infundada e escandalosa tem potencial cinco ou seis vezes maior para atingir o eleitor. Dados precisos a respeito, que em breve poderão merecer maiores atenções, servirão para atestar que os brasileiros não podem ser tratados como os incautos de outros tempos, facilmente manipulados e influenciados por dois grandes males: a notícia sobre fatos improcedentes, destinada a prejudicar ou a favorecer candidatos ou partidos; e, o segundo mal, que também mantém influência: as promessas exageradas que se ouvem na campanha. O cidadão torce o nariz, meneia a cabeça, faz rugas na testa, como sinal de que alguém pretende que compre coisas impossíveis. Precisa ser imune a esse crime.

A indústria dos boateiros e a falsa promessa de candidatos têm alguma identidade; são uma espécie de irmãs siamesas, que vale denunciar como uma das versões de maldade de fake news, onde uma e outra se identificam na enganação. O projeto delirante de quem quer o voto a qualquer custo e a agressão contra o adversário disputam primazia no campo maléfico da informação improcedente e tendenciosa. Ali encontram sua irmandade de origem. Ambas precisam ganhar a descrença e a desatenção dos cidadãos de bem.

Essa esperança, isto é, o povo vacinado contra os males da mentira e da violência pelos meios eletrônicos, não dispensa particular cuidado e toda atenção para a etapa final da campanha do segundo turno, esta que o Brasil vive neste momento, carimbada pelo radicalismo, e, com tal formatação, levada aos debates e entrevistas. Fica em aberto o perigo de boatos de última hora, destinados a alterar o destino dos candidatos. Não se excluem precauções quanto a pesquisas, se vierem apregoando fatos sensacionais e imprevistos.