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A profissão de advogado

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A celebração do Dia do Advogado (11 de agosto) em 2020 teve um significado maior. Ano difícil, de muitos percalços e tribulações, principalmente, por causa da pandemia do Covid-19. A escolha da data do Dia do Advogado surgiu em razão do início do ensino jurídico, no Brasil, com a criação das primeiras faculdades de Direito: Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, e a Faculdade de Direito de Olinda, em Pernambuco, ambas instituídas em 1827 por Dom Pedro I. De lá para cá, a trajetória do profissional da advocacia passou por dificuldades e conquistas.

A pandemia da Covid-19 promoveu um impacto imediato na advocacia e na forma de atuação do advogado. Ao mesmo tempo em que o isolamento social e a necessidade de lutarmos contra o vírus assassino culminou em sérios problemas financeiros para vários colegas, também corroborou a aceleração e a virtualização de atos processuais que já eram previstas para o futuro, mas que agora são o nosso presente.

É certo que a pandemia nos deixou inseguros. As dúvidas pairaram sobre nós com a preocupação de como ficariam nossos escritórios, como seriam os andamentos das causas em curso, se teríamos novos trabalhos e projetos após a crise. Alguns advogados viram seus sonhos irem por água abaixo. Outros tiveram até mesmo dificuldade financeira. Mas não é hora de esmorecer. Há um promissor horizonte de aumento de demandas jurídicas! Novos rumos estão se configurando! De repente, operadores do Direito se depararam com uma nova realidade que, apesar de inesperada, poderá trazer grandes frutos.

A virtualização de processos e das atividades é um dos grandes avanços. O momento certamente é desafiador. Hoje, o exercício da advocacia tem um novo significado. Estamos vivenciando tempos de reestruturações de como atuar profissionalmente. As mudanças no dia a dia da advocacia aconteceram com o estabelecimento de "home office" e corte de custos, com a simplificação de processos e virtualização de atos processuais, com a virtualização também no contato com clientes, celeridade de comunicação e de atos processuais e, com maior destaque, a promoção da democratização do Judiciário. Isso porque, a tecnologia e a necessidade de novos modelos de julgamentos, como a videoconferência, permitiram com que diversos advogados dos quatro cantos do país possam sustentar oralmente em Tribunais de Justiça Estaduais e até mesmo em Tribunais Superiores.

O que, há pouco tempo, era uma utopia para diversos colegas advogados, em razão de dificuldades financeiras por conta da distância. Nesta data, outro aspecto importante que faço grande questão de destacar é a participação feminina na advocacia. As mulheres representam cerca de metade da advocacia brasileira. Nós somamos, juntas, 597.360 mulheres advogadas no país. Hoje, somos 19 vice-presidentes mulheres das seccionais da OAB. O estado de São Paulo possui o maior número de inscritas, contando com 162.667 mulheres. No Rio de Janeiro, somos 74.474 mulheres inscritas na OAB. Outras capitais dos estados do Brasil estão caminhando para esses números expressivos de mulheres, na advocacia e na liderança da classe. Isso é um verdadeiro avanço e marco na história de nossa profissão.

Por muito tempo, fomos impedidas de estudar e sequer podíamos cursar em faculdades de sustentar em Tribunais. Mas isso é passado! Agora é hora de ocupar o espaço que é nosso, e garantir um trabalho que traga excelentes resultados. Portanto, na celebração dessa data tão importante para nós advogados e para aqueles que dependem de nós para o seu direito de defesa, afirmo, sem sombra de dúvidas, que teremos dias muito melhores! As mudanças, por mais inesperadas e duras que sejam, devem ser vistas pelos seus aspectos positivos e como aprendizado relevante E por fim, aproveito para reforçar: não desistam da advocacia!

É importante sabermos que haverá, sim, um mercado abundante e fértil para nossa profissão no pós-pandemia! É certo que será preciso nos adaptarmos ao “novo normal”, e este é um bom momento para nos aprofundarmos em diversas áreas, cujas demandas serão altíssimas de agora em diante, como é o da mediação de conflitos. Sigamos em frente, com muito orgulho da advocacia e da sua relevante missão de defesa da Constituição e do ordenamento.

*Advogada, sócia do Basílio Advogados, vice-presidente da OAB-RJ