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O foco na objetividade

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Na Grécia Antiga, acreditava-se que a morte era fonte de impureza. Quando ocorria uma morte, a família era excluída do templo por até 40 dias. Proximidade da morte era tida como contaminante. Acreditava-se que por três dias o espírito do morto enchia a cidade de poluição.

No pensamento grego antigo, a única forma possível de imortalidade acontecia pela identidade grupal: ao seguir certas regras de conduta, a pessoa tem a certeza de seguir no caminho da salvação, à medida que sua energia própria se oriente no sentido da busca da pureza.

"A purificação", disse Platão, "consiste em separar a alma tanto quanto possível do corpo, e ter sua morada, agora e no futuro, sozinha consigo mesma". Há uma tensão na perspectiva de Platão sobre a possibilidade de romper totalmente os laços como o mundo dos fenômenos.

Modernamente, exigências de pureza ocorrem em relação a práticas sociais que diferem em aspectos fundamentais da prática antiga. Todos os elementos sensoriais da vida moderna se sujeitam ao sistema racionalizado de produção e troca, para reguardar-se da própria morte.

O interesse não está centrado sobretudo em pessoas. O foco na objetividade impossibilita explicar adequadamente relações humanas.

O objeto é tratado em termos de seus aspectos formais, afastado do contexto no qual aparece aos indivíduos como um objeto do conhecimento.

"Pensador objetivo", no dizer de Nietzsche, o indivíduo tem poucos elementos para entender como desejos e emoções acionam sua investigação.

Os problemas do conhecimento são gerados por circunstâncias e fatos históricos particulares. A prática do conhecimento pode cultivar o senso de possibilidade e receptividade que leve a uma redefinição das preocupações, à medida que problemas novos exijam nossa atenção.

Engenheiro, é autor de "Por Inteiro" (Editora Multifoco, 2019)