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Brasil Real X Brasil Superficial. Que país é esse?

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O Brasil está situado em 3 hemisférios, integralmente no hemisfério Ocidental, 7% no hemisfério Norte e 93% no hemisfério Sul, é cortado ao norte pela Linha do Equador e ao sul pelo Trópico de Capricórnio. Possui uma área de 8.511.000 km² e é habitado por aproximadamente 210 milhões de pessoas.

Historicamente descoberto pelos portugueses, passou da Monarquia à República, viveu períodos no regime Parlamentarista de 1847 a 1889 e de 1961 a 1963 e vive hoje em regime Presidencialista, condição adotada pela 1ª vez na Constituição de 1891.

Um país de pastos verdejantes!

Especialistas concluem que o Brasil alimenta ¼ da população mundial. Nossa produção vegetal alimenta mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo, utilizando apenas 8% do território nacional. Com relação à produção animal, o número de abates é gigantesco, estatisticamente em 2019 foi o mais alto desde 2014, somos uma potência agropecuária.

Ao passearmos por outros aspectos onde o Brasil se destaca encontraremos a energia eólica. Somos o maior produtor de energia eólica da América Latina e o 15º com maior potencial eólico instalado no mundo.

Temos a maior parcela de riqueza global da América Latina. Poderia citar aqui a Amazônia e o enorme potencial hídrico. Temos ainda o protagonismo de nossos cientistas com êxito em inúmeras pesquisas, abrindo um destaque para vacinas, imunizações, etc. Finalizo com o sistema bancário brasileiro, considerado há décadas um dos mais sólidos do mundo.

A pergunta é, como administramos tudo isso? Desde a colônia de exploração, passando pela cultura de “ tirar vantagem em tudo”, até chegarmos em dias atuais com escândalos de corrupção, lavagem de dinheiro e guerra política, parece que andamos muito tempo pela estrada errada. A boa notícia é que dá para corrigir a rota e iniciar novos caminhos.

A cultura da Integridade chega aos poucos, mas com muita firmeza na sociedade brasileira. Muito embora não seja um assunto novo, a cultura, a importância, a ênfase e a valorização da Integridade e do Compliance tem se destacado em nossos dias.

Recentemente assisti uma entrevista de um empresário contando que decidiu retirar das prateleiras de sua rede de lojas um produto que comprovadamente não faz bem à saúde e este produto correspondia a um percentual significativo de suas vendas e consequentemente receitas. Ele decidiu por uma questão puramente de princípios, pois gostaria de agregar a sua marca a produtos benéficos à saúde de seus clientes. Antes de retirar ele espalhou anúncios por suas lojas informando o motivo pelo qual estava tomando tal atitude, a frase dizia mais ou menos assim: “ Não venderemos mais esse produto porque prezamos pela saúde de nossos clientes”. Surpreendentemente suas vendas aumentaram muito além do que o produto representava, algo superior a 20%.

O que concluímos é que as pessoas estão cada vez mais atentas ao que estão “comprando”.

Nesses dias de quarentena algumas instituições de ensino estão disponibilizando uma série de cursos online e em uma delas me chamou à atenção um curso a respeito de como a cultura da saúde ajuda a melhorar os negócios, basicamente o curso nos ensina a prestar atenção no bem-estar de nossos colaboradores, clientes e fornecedores e dar atenção ao meio ambiente, destacando que tais atitudes são, além de benéficas, lucrativas, pois podem levar um aumento na produtividade.

Sabemos que os tempos em que estamos vivendo nos pede atenção em primeiro lugar à saúde. É hora de medidas como facilitação de empréstimos e diminuição de impostos, é hora da população dar preferência as compras em micro e pequenas empresas, é hora de injetar dinheiro na economia, é hora de solidariedade. A solidariedade aliada à responsabilidade são as principais ferramentas capazes de salvar a economia brasileira. Quando toda essa crise passar, as empresas que deram atenção à questão da Integridade em todas as suas operações terão maiores chances de serem reconhecidas no mercado.

É notório que temos vivenciado uma evolução, tanto nas empresas privadas quanto nas empresas estatais e no terceiro setor, temos visto a cultura da transparência crescer através do desenvolvimento de procedimentos e políticas e a adoção de novas práticas de governança corporativa, mas ainda há muito a conquistar. Um exemplo disso são os contratantes que aproveitam uma pandemia inédita e invocam o imprevisível e a força maior como causas excludentes das suas obrigações contratuais em casos onde o que mais precisaria ser convocado seria a boa-fé, base na qual foram estabelecidos os artigos do Código Civil que permitem essa ação.

Ao estudar sobre em quê o Brasil vem se destacando nos últimos anos me deparei com a estatística que estamos em 1º lugar no ranking mundial de ligações indevidas, spam por ligação telefônica. Prefiro chamar isso de Brasil superficial e atentar para o potencial da nação e o talento dos brasileiros.

Riquezas e pessoas talentosas, esse é o Brasil real!

Cristiana Aguiar. Economista, MBA em Gestão Empresarial pela FGV, especialização em Gestão de Pessoas e Equipes pela PUC – RJ, conselheira do Conselho Empresarial de Governança e Compliance da Associação Comercial do Rio de Janeiro – ACRJ e autora de diversos artigos publicados.

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