Há muitas controvérsias a respeito da criação do champanhe. Sabe-se que ele foi criado por um médico e cientista inglês chamado Christopher Merrett, no entanto só foi consolidado e bem aceito pelos consumidores a partir do aprimoramento realizado por um monge francês chamado Dom Pérignon que morava na região de Champagne, de onde vem o nome da bebida. Dom Pérignon analisou os vinhedos, identificou as melhores regiões para o plantio, reformou depósitos, adegas, prensas e lagares. Iniciou um processo ano a ano de melhoria contínua da qualidade da produção e da safra. O monge era criativo, inteligente, dedicado e meticuloso.
Apesar de não ocupar o primeiro lugar no ranking das bebidas mais consumidas no mundo (o café está em primeiro lugar, em seguida vem o chá, o leite, o refrigerante, o suco de laranja e o vinho, em sexto lugar no ranking), o champanhe é mundialmente amado e reconhecido como a bebida das celebrações, consumido comumente nos primeiros segundos de cada ano que se inicia e também utilizado para banhar os vencedores das corridas de Fórmula 1.
A questão que se impõe é: por que por vezes o primeiro a criar, não desenvolve, aprimora e consolida a criação? Muitas podem ser as respostas...
O mercado passa por mudanças frenéticas: e-commerce, mudanças no comportamento dos consumidores, variações das preferências, etc. De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBGE o crescimento de 2019 foi puxado essencialmente pelo setor de informação e comunicação, o qual acumulou alta de 3,3% no ano. Dentre as atividades que mais influenciaram este resultado destacaram-se os portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informações via web. Os empresários precisam se reinventar velozmente para não perderem mercado. Tecnologias disruptivas, ideias inovadoras e alinhamento com a demanda são condições de sobrevivência.
E como chegamos a uma zona de conforto? Como gerenciar essa avalanche de informações? Em meio a tantas novidades, uma ferramenta antiga é fundamental: a estipulação de metas.
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) que entrará em vigor no Brasil a partir de agosto deste ano tem pressionado as empresas a se adequarem com as questões de Compliance e Integridade, incluindo coleta, armazenamento e processamento de dados, retenção de dados pessoais, elaboração de um código de ética, mapeamento de riscos, entre outros. Muito embora uma pesquisa realizada em agosto de 2019 pelo SERASA EXPERIAN tenha revelado que 85% das empresas ainda não estavam em conformidade com a nova lei, a grande maioria informou que se adequará até a data que a mesma entrará em vigor. Em meio a tantas novidades, uma ferramenta antiga é fundamental: a estipulação de metas. Será que podemos entender essa informação como meta?
Meta é diferente de objetivo. Objetivo por definição é “a descrição daquilo que se pretende alcançar”, já a meta é a definição do que queremos alcançar de forma tangível, em termos quantitativos e com prazo determinado. A meta no mundo antigo significava entre os romanos o sinal na pista dos circos onde os carros deviam retornar. No futebol, a meta é o gol para que se alcance o resultado esperado, ganhar o jogo!
Metas concentram-se essencialmente em resultados. Elas estabelecem onde queremos chegar e nos ajudam a descobrir onde estamos nesse processo. Elas definem informações importantes a respeito de como e quando iremos alcançar os objetivos propostos, unificando esforços e energia. Os que trabalham explicitamente com metas comerciais sabem muito bem o quanto de energia é necessário para atingi-las. Lembrando que metas não podem ser inalcançáveis, pois essas não trazem saúde as empresas.
Para além das 5 características desejáveis na constituição de uma meta (específica, mensurável, atingível, relevante e temporal), metas saudáveis partem de pessoas que têm senso de missão pessoal. No corre do dia-a-dia não é difícil se perder em agendas infinitas e não escrever, se quer pensar, em uma missão pessoal. A missão pessoal ajuda a não nos confinarmos nas circunstâncias atuais e não perdermos de vista o que queremos ser e alcançar.
Parafraseando a música de Roberto Carlos, é preciso saber viver, é preciso ter metas!
Muitos têm uma ideia e chegam até mesmo ao estágio da criação, mas naufragam no estabelecimento das metas. Muitas metas não são atingidas por faltarem objetivos claros e por vezes falta a base do senso da missão pessoal para traçar esses objetivos.
Quanto ao criador do champanhe, não saberia responder quais foram suas metas, nem tão pouco sua missão pessoal, só sei que os intitulados como melhores vinhos brancos espumantes do mundo são franceses. Não basta ter uma ideia, é preciso aprimorar a criação!
Economista, MBA em Gestão Empresarial pela FGV, especialização em Gestão de Pessoas e Equipes pela PUC – RJ, conselheira do Conselho Empresarial de Governança e Compliance da Associação Comercial do Rio de Janeiro – ACRJ e autora de diversos artigos publicados.