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A essência da liberdade

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A essência - vem do grego, o que era para ser - da liberdade é a própria admissão no âmbito público e a participação nos assuntos públicos.

Somente uma paixão pela liberdade pública inspira e prepara para concretizar uma transformação da realidade da existência humana. Onde os homens e as mulheres vivem em condições verdadeiramente miseráveis, a paixão pela liberdade pública é visceralmente desconhecida.

Diferenças políticas, importantes, são desprezíveis se comparadas ao obstáculo à constituição da liberdade inerente às condições sociais. Apenas aqueles que conhecem a liberdade em relação à necessidade podem apreciar por completo o significado da liberdade pública.

Sociedades humanas não são agrupamentos funcionais destinados à maximização, pelos indivíduos, de sua utilidade marginal. Impensável sonhar com uma sociedade unida por capilaridade - criando um tecido contínuo que conecte entre si cidadãos consumidores.

Sociedades que estabeleceram uma corrida entre duas evoluções em direções opostas: de um lado, um processo de diluição do poder que absorve confrontos; de outro lado, uma fragmentação dos meios do poder, que se tornou possível pelo próprio desenvolvimento tecnológico.

Mundo complexo que avança a pequenos passos medidos, por ajustamentos sucessivos, produz comunidades políticas sem paixão. Que arrisca cristalizar as oposições entre comunidades ainda mais fechadas, pelo fato de suas identidades terem se tornado mais frágeis.

Fato inconteste, a internacionalização das trocas expõe uma nova separação entre trabalho qualificado e trabalho não qualificado. Assim que construir instituições intermediárias, capazes de garantir a transparência necessária, e igualmente construir legitimidades, é essencial.

Engenheiro, é autor de "Por Inteiro" (Editora Multifoco, 2019)