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É somente no movimento vivo

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Num universo em que o pluralismo prevalece, encontrar traços entre posturas religiosas conhecidas é salutar. O cristianismo é uma religião nascida de outra, judaica, da qual guardou traços semelhantes ou próximos, e dela se demarcou.

A vida cristã supõe sempre ambos: esperança de Deus e atenção ao próximo, paixão do presente e aspiração do futuro. Deus fez-se um de nós, propósito inacreditável que valoriza imensamente a nossa existência humana concreta.

Transcendência que não se afirma no fato de manter distância; no tornar-se homem, seu infinito poder e sua real misericórdia.

Desde o princípio, a vida cristã foi apresentada como um caminho, não sendo toda a gente chamada a caminhar com o mesmo passo. Daí não equivaler a um equipamento completo de maneiras de fazer, de viver, de tratar com o outro.

Eis aí o essencial da mensagem cristã: liberdade no Espírito. Ninguém sabe até onde essa liberdade pode conduzir. Uma liberdade que mete medo a todos que procuram enquadrá-la num colete de obrigações que neutralizam seu imprevisto.

A religião em geral constitui um lugar propício onde indivíduos e grupos procuram algo a que agarrar-se, abandonando a sua liberdade por desejo de submeter a ordens vindas do alto, aguçado por mudanças atuais permanentes.

É somente no movimento vivo que se pode experimentar até onde ir na diversidade e, eventualmente, no desacordo.

*Engenheiro, é autor do livro "Por Inteiro" (Editora Multifoco, 2019)