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E la nave va! O mal prossegue no seu caminho

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Ainda abordando o tema do antissemitismo, vale enfatizar e tentar descrever o que se passa na mente dos antissemitas. É obvio que eu tenha inúmeras limitações ao tentar ser avalizada na elaboração dos meus argumentos. Mas mesmo assim, esta tentativa permanece válida. Então vamos lá!

Quando em qualquer ambiente onde estejam reunidos por diversos motivos de interesse ou necessidade, alguns poucos judeus ou judias, a manifestação de antissemitismo poderá se manifestar. E qual o motivo ou motivos desta situação? Por necessidade, por reação à situação em que se encontram, os “focados” judeus e judias devem ser, ou melhor dizendo, se sentem melhor apresentando qualidades muito apreciadas, úteis e valorizadas no progresso, avanço, lucratividade, etc, do grupo, empresa, corporação onde estiverem. Os dirigentes destas corporações veem em tais elementos que se destacam, uma bela fonte de lucros e sucesso.

Nesta altura, o que se passa na mente dos demais elementos que estão também trabalhando, envidando seus melhores esforços e contribuindo com o seu trabalho, seu tempo, seu interesse em também chamar atenção para si? O seu pensamento prossegue com ressentimento contra aquele ou aqueles poucos judeus ou judias que são “a menina dos olhos” dos proprietários ou proprietárias da empresa. “Eu também tenho qualidades, eu também tenho muitas qualidades, eu também deveria ser destacado”, pensa aquele que não foi privilegiado pelo “patrão”. “Eu estou sendo muito injustiçado! O meu lugar merecido foi, “usurpado” por aquele judeuzinho ou judiazinha ambiciosos e ladinos. Mas eu tenho uma saída, eu tenho uma solução. Se ele ou ela forem expulsos desta nossa corporação, os seus lugares já vagos serão ocupados por mim, não é verdade? Então vamos lá! Eles serão expulsos da corporação, os seus lugares estarão vagos e justamente ocupados por mim. Assim, se fará justiça e então saberei fazer valer as minhas inúmeras qualidades. Os proprietários ou proprietárias da empresa louvarão e reconhecerão as muitas qualidades que eu também possuo e eu serei valorizado como mereço”.

O que acabo de descrever dentro das inúmeras limitações que me cercam é a mais pura verdade, tanto em planos individuais ou coletivas. Aqueles que pelos mais variados motivos se destacam são admirados e invejados. É uma reação sentimental compreensível.

Desta situação podem sobrevir o ciúme ou a maléfica inveja.

O que é basicamente o ciúme? Eu admiro uma pessoa que possui qualidades que eu não tenho. É bom eu me aproximar dela para conhecê-la melhor, e talvez ou quase certamente, admitir que esta pessoa é muito melhor dotada do que eu. Eu gostaria tanto de ser como ela, seria tão bom que eu também tivesse algumas das qualidades que ela possui, não é? Mas no fundo, bem no fundo, eu gostaria de ser como ela. Mas o que é que eu posso fazer? Nada, nada de mau em relação a ela, mas repetindo, seria maravilhoso ser ao menos, um pouquinho como ela é!

Aqueles ou aquelas repito, que se destacam são admirados e ao mesmo tempo vítimas de ciúme ou inveja. Com a inveja o que passa na cabeça dos invejosos é totalmente diferente. “Aqueles ou aquelas que se destacam e me incomodam tanto também são admirados por suas inúmeras e brilhantes qualidades. Na verdade, eu reconheço seu brilhante valor. Mas isto me incomoda, me faz infeliz, porque eu também possuo qualidades inúmeras que precisam e serão reconhecidas, expostas e recompensadas. Porém, é necessário, é urgente que eu destrua, que eu elimine estes espertos usurpadores do meu merecido lugar. Estes malditos judeus e judias astutos e brilhantes devem ser eliminados sumariamente. E é isto o que eu vou fazer. Destruí-los, elimina-los! Varrê-los da face da Terra. E então ocuparei o meu devido lugar, o meu reconhecido valor será agraciado de prêmios. E o meu mérito devidamente reconhecido. Justiça será feita”.

Concluindo, a inveja é criminosa. O seu objetivo, o seu escopo maior é eliminar, fazer desaparecer da face da Terra, aqueles que estão ocupando o seu merecido lugar. Os judeus são aqueles seres nefastos que lhes fizeram tanto mal. Com a sua eliminação, os injustiçados serão redimidos. Esta solução de matá-los, fazê-los desaparecer é excelente!!

Eis aqui, em uma abordagem ainda limitada, uma tentativa de explicação de como nasce este hediondo sentimento de antissemitismo.

É triste, é desalentador admitir que tal sentimento seja contínuo, nefasto, capaz de ser onipresente, e que prossegue ininterruptamente, matando, assassinando tantos seres humanos inocentes e que tão somente atrapalham seus planos de sucesso. Triste mundo, tristíssimo!!!

 * Mestre em Educação pela UFRJ

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