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Rumo a entidades superiores

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Da mesma maneira encontrada por uma grande parte do povo brasileiro, recorri aos gritos, aos quase uivos, às manifestações de revolta e repúdio como reação aos recentes acontecimentos no Brasil e em grande número de países do mundo. Trata-se de um desabafo compreensível e natural na atual conjuntura mundial e nacional.

As situações anômalas, é óbvio, permanecem as mesmas temporariamente, mas a sensação normal e esperada é de um certo alívio. Mais do que isso, um desabafo!

Passados estes momentos rápidos de libertação de adrenalina, retornam um pouco atenuadas as manifestações de revolta. E agora, o que fazer, a qual recurso recorrer?

A religião apresenta uma boa saída porque conforta, ajuda, ampara, fortalece. Ela torna o sofrimento sentido bem mais fácil de carregar.

A minha humilde e simples sugestão é a de rumarmos em direção das religiões em busca de auxílio e de forças para enfrentar os difíceis momentos para boa parte da humanidade.

Sem que haja a adição de um critério de importância, passemos a focar as religiões com o maior número de seguidores.

O judaísmo com a sua sabedoria e complexidades particulares, apresenta algumas sugestões. Onde coexistem dois judeus, ao menos haverá umas três ou mais opiniões diferentes a respeito dos mais diversos assuntos.

Não sendo exclusividade dos judeus tão somente entre as diversas facções intermediárias, coexistem e coabitam ao mesmo tempo em grandes e nem em tão grandes metrópoles, três orientações diversas do judaísmo, a saber: a linha ortodoxa, a conservativa, a reformista, muito avançada e moderna. A linha ortodoxa parou no tempo e no espaço e mantém nas grandes cidades hábitos rígidos de conduta. Os seus seguidores são, de uma certa forma, privilegiados porque em sua plena obediência a Hashem (um dos nomes pelo qual Deus é chamado) aceitam os acontecimentos como desígnios divinos, contra os quais nada se ousa e não se deve fazer, a não ser aceitar como fatos consumados. Os judeus ortodoxos se mantêm em postura de esperança na espera pela vinda do Messias que seguramente virá e redimirá todos os homens, sobretudo aqueles que foram totalmente observantes dos mandamentos religiosos. Portanto, um grande elemento de sua sustentação é a esperança. Aliás, como já tivemos oportunidade de mencionar, o nome do hino nacional de Israel é HATIKVA, significando esperança em hebraico.

O catolicismo, por sua vez, uma linha dissidente do judaísmo, acredita que o Messias já chegou à Terra para orientar, confortar, punir também os seres humanos. Jesus era o Messias tão aguardado. Como costuma ser comum entre as comunidades humanas, surgiram dissidências, rupturas dentro do catolicismo formando diferentes formas e feitios de ser católico. Estas cisões e divergências também variavam em função das diversas variáveis intervenientes, tais como ocorrências históricas, políticas, etc.

Com um número significativo de “acidentes de percurso”, a religião católica se disseminou por boa parte do mundo. Neste percurso histórico, inúmeros deslizes aconteceram, muitas crueldades foram executadas, muitas mortes ocorreram. Atualmente, a igreja católica no seu modelo mais tradicional, tem sofrido uma verdadeira revolução, uma verdadeira reviravolta e precisando ser urgentemente atualizada, mais inovadora, mais adaptada às mudanças prementes. O mundo, os valores, ou a ausência deles mudaram muito.

No islamismo, religião monoteísta, cujo líder religioso, político e militar foi Maomé, que é o último profeta de Deus de Abraão. Os cinco pilares do islamismo são os seguintes:

- Crer em Alá, o único Deus;

- Oração;

- Jejum;

- Fé;

- Caridade.

Na verdade, o islamismo desenvolveu-se como uma religião e também como uma civilização.

Segundo a fé muçulmana, nascida de 610, o profeta Maomé começou a receber mensagens de um anjo que lhe ensinou os fundamentos da nova religião.

O primeiro valor divulgado por Maomé foi a crença em Alá, o único e verdadeiro Deus. A condenação expressa do culto de imagens. Além disso, o estabelecimento da existência dos céus e dos infernos que serviam de moradia para todos os indivíduos observantes. E aquele que fosse exemplar na aceitação dos preceitos seria fortemente recompensado com uma confortável além-vida. De fato, pode-se constatar que a crença muçulmana possui vários pontos em comum com as religiões judaica e cristã.

Até o período em que Maomé orientou o desenvolvimento da religião muçulmana, todos os preceitos eram religiosos, e eram transmitidos de forma oral. Contudo, quando o primeiro e mais importante líder espiritual islâmico faleceu, se fez necessária a concepção de um livro sagrado. A partir desta demanda surgiram duas obras: o Alcorão que registra os ensinamentos que Maomé divulgou ao longo da vida e o Suma, livro que se ocupa da biografia e ações políticas desse mesmo profeta.

A SUNA foi a grande responsável pela primeira divisão entre os islâmicos. De acordo com esta obra, qualquer muçulmano poderia se colocar como líder religioso do islamismo. Em contrapartida, Alcorão aponta que somente os descendentes diretos de Maomé poderiam exercer este mesmo papel de chefia. Por meio desta discordância, surgem as principais seitas do islamismo: sunitas e os xiitas, respectivamente.

Todo o muçulmano dever orar 5 vezes ao dia, com o seu corpo em direção à Meca; peregrinar até a cidade de Meca, pelo menos uma vez na vida; não manter relações sexuais e ficar em jejum (entre o amanhecer e o anoitecer ao longo de mês do Ramadã e praticar a caridade, cedendo uma parcela de sua renda anual. Estas informações foram obtidas através do Google.

Na visão dos muçulmanos, os fundamentos pregados no Alcorão representam a conclusão de um processo de aprimoramento dos valores anteriormente ensinados pelo judaísmo e pelo cristianismo.

Desta forma, Jesus Cristo e os vários profetas hebreus são valorizados como intermediários de uma experiência religiosa que atinge o seu ápice como uma tarefa urgente para qualquer ser humano.

Segue a vez do budismo neste artigo. A base dos ensinamentos do budismo é o sofrimento, a sua consequente extinção. As primeiras obrigações mais ensinadas por Buda são os chamados os Cinco Preceitos, a Auto Salvação é uma tarefa urgente para qualquer homem. O Budismo é uma religião, uma filosofia fundada por Sidarta Gautama, o Buda.

A filosofia budista é guiada pelos ensinamentos de Buda e ela acreditava que o caminho para a libertação está na consciência que pode ser alcançada por práticas e crenças espirituais, como, por exemplo, a meditação e yoga.

O budismo é basicamente uma doutrina religiosa, filosófica e espiritual e que tem 2.500 anos e tem como preceito a reencarnação do ser humano.

Sidarta Gautama, o fundador do budismo começou a virar a cabeça da população no leste da Índia com a sua profunda sabedoria espiritual. Ele recebeu o nome de Buda que significa literalmente “o iluminado”. Até os dias de hoje, não chegou muito “insight” de seus ensinamentos.

Curiosamente, Buda nunca escreveu qualquer um de seus ensinamentos. Semelhante a Jesus e a Sócrates, o seu método de ensino era verbal e comunicativo. As tradições orais mantiveram a sabedoria de Buda viva até 400 anos após sua morte, quando então a primeira transcrição dos seus ensinamentos surge.

O seu despertar ocorreu quando Ele percebeu que não precisavam passar fome e sacrificar o nosso corpo, como era comumente praticado na Índia na época, para aumentar a clareza e a sabedoria espiritual. Quando um homem ofereceu-lhe um pudim de leite e arroz como um ato de compaixão, Ele percebeu que houve mais lições no Caminho do que ele vinha ensinando.

“Buda” é um título que significa “despertar”, isto é, alguém que acordou para a verdadeira natureza da realidade.

No meu modesto entender, o budismo, como as demais religiões que visavam o aprimoramento da vida humana almejava ensinar o caminho mais certo para alcançar este aprimoramento através da compreensão e aceitação de nós mesmos e de nossos semelhantes.

O problema maior principalmente está no fato de que os humanos professam a religião de uma forma somente para externo, ou em outras palavras, desempenham com maiores ou às vezes menores cuidados a encenação, o rito, a exatidão do cerimonial e a essência, o conteúdo principal fica negligenciado.

Existem muitas outras práticas religiosas, algumas até voltadas para a conservação do mal, infelizmente.

Embora tenhamos nos estendido demasiadamente no foco voltado para as explicações principais, o que resta de muito normal e encontradiço, é o fato de que na atual conjuntura mundial, é óbvio, incluindo a complicada realidade brasileira, recorrer às religiões para proporcionar um alívio, nada mais é que um alívio.

* Mestre em Educação pela UFRJ

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