Sabemos que o Papa Francisco é um homem do seu tempo, está atento aos avanços tecnológicos e digitais, e utiliza das redes virtuais para se comunicar. Mas ele alerta para uma comunicação que favoreça o verdadeiro encontro com o outro. Um diálogo que promova a comunhão e a solidariedade.
Há mais de 50 anos a Igreja celebra o Dia Mundial das Comunicações Sociais, durante a Festa da Ascenção do Senhor. Para isso, os pontífices escrevem uma mensagem dirigida a todos. Nesta 53º edição, que será celebrada no próximo domingo, o Papa Francisco externou a sua preocupação com uma confusa ideia de comunidade que existe nas mídias sociais.
Desde o início do seu pontificado, percebemos a preocupação do Papa Francisco em promover a cultura do encontro, e temos na comunicação um ambiente privilegiado para viver essa inclusão, mas sempre bem atentos.
Neste ano, a mensagem do Papa Francisco tem como tema: “Somos membros uns dos outros” (Ef 4, 25): das comunidades de redes sociais à comunidade humana”. O reconhecimento de que somos membros uns dos outros, está baseado na premissa de que não há comunicação técnica se antes não houver a interação humana.
Hoje, o ambiente dos massmedia é tão invasivo que fica difícil separar o real do virtual. A rede é um recurso do nosso tempo: uma fonte de conhecimentos e relações. Mas especialistas, a propósito das profundas transformações impressas pela tecnologia às lógicas da produção e circulação dos conteúdos, destacam também os riscos que ameaçam a busca e a partilha de uma informação autêntica.
Se é verdade que a internet constitui uma possibilidade extraordinária de acesso ao saber, não se pode negar que ela se revelou como um dos locais mais expostos à desinformação e à distorção consciente dos fatos e relações interpessoais, a ponto de muitas vezes cair em descrédito.
As Fake News são uma ameaça real, que invalida importantes trabalhos realizados na rede. Em sua mensagem, o Papa busca o significado de rede e associa ao de comunidade. Segundo ele, uma comunidade é mais forte quando mais for coesa e solidária, animada por sentimentos de confiança e empenhada em objetivos compartilháveis. Como rede solidária, a comunidade requer a escuta recíproca e o diálogo, baseado no uso responsável da linguagem.
Por isso, o Papa Francisco alerta que, ao mesmo tempo em que a rede é uma oportunidade para promover o encontro com os outros, pode também agravar o nosso auto isolamento. Temos que estar sempre atentos, especialmente os pais de adolescentes, que mergulham neste ambiente virtual com mais intensidade.
Esta realidade coloca várias questões de caráter ético, social, jurídico, político, econômico, e interpela também cada um de nós. Enquanto cabe aos governos buscar as vias de regulamentação legal para salvar a visão originária de uma rede livre, aberta e segura, é responsabilidade ao alcance de todos promover um uso positivo da mesma.
Temos que saber usar os benefícios da comunicação virtual. Abrir o caminho ao diálogo, ao encontro, ao bem comum. Que o Dia Mundial das Comunicações Sociais seja mais uma oportunidade de refletir todas essas mudanças do nosso tempo!