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A maior tarefa da política

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Firmeza e confiabilidade configuravam a pedra de toque da política levada a efeito por Metternich - uma prova da natureza cosmopolita daquela sociedade, em pleno século XVIII: “Quando tudo o mais está estremecendo, é necessário, acima de tudo, que algo, não importa o que, permaneça firme.”

O presidente Bolsonaro realiza a primeira viagem oficial, aos Estados Unidos, ao longo da semana. Se estratégia pura de balança de poder é impossibilitada pelas realidades estratégicas e geopolíticas, a diplomacia presume como método da política o exercício de manobras em busca de vitórias táticas.

O enfoque americano em relação à política é pragmático. Os americanos sustentam que para todo problema há uma solução, buscam um resultado que seja uma resposta às circunstâncias imediatas. Os americanos esboçam programas com itens práticos, que possam ser entregues. O que fazer então?

A ciência e a tecnologia são os conceitos que servem de guia para a sociedade contemporânea. A tecnologia criou um meio de comunicação que permite contato instantâneo entre indivíduos e instituições em qualquer lugar do planeta, assim como armazenamento e recuperação de enormes quantidades de informação ao toque de um botão. E, no entanto, essa tecnologia é imbuída de que propósitos?

Há que seguir uma estratégia compatível com a realização de nossos objetivos mais importantes. Antes, no entanto, havemos de enfrentar uma perceptível ambivalência entre realismo e idealismo. Persiste uma resistência generalizada a aceitar a possibilidade que os países sejam guiados por princípios.

Fatos raramente são evidentes por si mesmos. Pelo menos no mundo da política externa, dependem do contexto e da relevância. Na relação entre Estados, a informação, para ser verdadeiramente útil, precisa ser situada no interior de um contexto bem mais amplo, em termos de história e de experiência.

É bem improvável que países moldados por tradições culturais diversas cheguem de forma independente às mesmas conclusões a respeito da natureza e dos usos permissíveis das suas novas capacidades.

A política externa deve ser um exercício de formulação do futuro. Uma melhor compreensão da história e da geografia não é apenas nem prioritariamente uma questão de tecnologia, requer uma política educacional voltada aos imperativos fundamentais impostos por uma política de longo prazo.

As grandes realizações tecnológicas precisam ser conciliadas com o amplo discernimento humano. O compartilhamento de informações e o apoio a instituições livres são hoje a maior tarefa da política.

* Engenheiro

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artigo | jb