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Sociedade organizada em rede

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“Acredito na ideia de fragmentar nossa democracia”, escreveu Nathan Schneider, “de modo que você não esteja elegendo uma pessoa que o represente em tudo, mas para que imagine democracia como uma série de instituições com as quais se relaciona conforme sua ligação com determinado serviço”.

Se diferentes lados conseguirem reconhecer interesses em comum e usar a criatividade para estruturar um acordo, este será possível. Para chegar a este entendimento, os dois lados precisam confiar um no outro o suficiente para revelar a informação que, de outro modo, permanecerá privada.

Agregar informações pode levar a decisões melhores do que qualquer pessoa sozinha poderia tomar. Se todos se limitam a seguir os outros ou se abstêm de revelar suas informações, o valor do grupo se perde.

A globalização da informação e da comunicação está longe de criar uma comunidade mundial, revela tanto desigualdades quanto limites das solidariedades - interna e externamente às sociedades. O cidadão conectado se sente informado quase pelo fato de ter disponível enorme quantidade de informação.

As conexões e os fluxos se deslocam de um lado para o outro, de forma praticamente instantânea. Por um lado, a linguagem informativa fixa e assegura as coisas; por outro lado, a enorme quantidade de informação reproduzida e disseminada dia após dia faz com que a informação seja efêmera.

A circulação da informação, a clareza na definição das tarefas são pré-requisitos para o bom funcionamento de uma estrutura complexa. A informação permanece como a base do poder, mas a sua natureza muda: ela não se acumula mais. A informação serve primariamente para adquirir mais informações.

O País não é uma estrutura institucional petrificada sobre um território definitivamente demarcado. Somente a concorrência institucional, consequência de uma difusão do poder entre várias estruturas, oferecerá à ordem política mecanismos de regulação cujo funcionamento observamos nas empresas modernas.

A unidade do mundo só poderá ser significativa se vier acompanhada de responsabilidade política. O idealismo que surgiu do Iluminismo aparece como temerário à luz das realidades presentes. Havidos como dois elementos opostos e incompatíveis, realismo e idealismo deverão ser equilibrados.

Numa sociedade organizada em rede, o poder se define pela influência, e não mais pelo domínio. Na área política tal constatação tem consequências decisivas. Não se trata mais de concentrar poder em entidades políticas cada vez maiores, mas simplesmente de organizar a compatibilidade, de preparar a convergência, estabelecendo processos de elaboração de regras, ao invés de construir soberanias.

A solidariedade pode resultar de algo mais sólido que o medo à capacidade destrutiva do homem: da dimensão de profundidade a partir da qual se desenvolveram a ciência e a tecnologia modernas. Hoje, tal capacidade destrutiva seria inevitavelmente acionada pelo puro automatismo da tecnologia.

A decomposição do mundo em elementos modulares permite doravante criar a diferença em série: a combinação dos módulos que cria a individualidade, combinação única de elementos padronizados.

O desempenho mostra a diferença irredutível que enriquece o mundo relacional em diversos polos. Cada escolha entra em ressonância com as escolhas anteriores, resultando da memória de decisões anteriores.

* Engenheiro

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