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Genética e felicidade

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Já não é de hoje que buscamos a fórmula da felicidade. Todos queremos saber como se faz para ser feliz. Como não poderia deixar de ser, pesquisadores da psicologia positiva resolveram participar desta busca e propuseram medidas que podem ajudar. De acordo com Lyubomirsky, fatores como genética, circunstâncias da vida e atividades intencionais influenciam diretamente na nossa felicidade.

A primeira parte desta equação se refere às limitações que nossa genética impõe à felicidade. Ela é responsável por cerca de 50% desta. A fórmula indica que temos uma faixa fixa e herdada da qual não podemos fugir. Embora possa parecer ruim, isso nos protege nos priores momentos, pois sempre vamos voltar a nosso nível usual de felicidade.

A segunda parte da equação se refere às circunstâncias de vida (10%) como elementos externos como dinheiro, casamento, vida social, emoção positiva e negativa, idade, saúde, religião, educação, clima... Embora alguns destes elementos possam mudar a vida para melhor, a má notícia é que essas mudanças não são duradouras.

O terceiro fator é representado pelas atividades intencionais, a prática dessas atividades pode potencializar nossa felicidade e a boa notícia é que isso está 100% em nossas mãos: praticar a gratidão, investir nas relações sociais, administrar estresse e adversidades, viver no momento presente, comprometer-se com suas metas, cuidar do corpo e da alma.

Embora exista uma crença popular de que o sofrimento impede a alegria, as pesquisas não confirmaram isso. Elas apontaram apenas uma correlação moderada entre emoções negativas e positivas. Uma dose grande de sofrimento diminui a alegria, mas não nos impede o acesso à felicidade. O contrário também é verdadeiro, a felicidade não garante que nunca teremos momentos tristes. Outro dado interessante é que as mulheres experimentam mais emoções negativas e positivas que os homens, com mais freqüência e intensidade.

Apreciamos muito pouco os acontecimentos positivos e damos uma ênfase excessiva aos negativos. Isso ocorre porque nosso cérebro não foi talhado para a felicidade, temos 4 emoçoes inatas negativas, 1 neutra e 1 positiva.

A rapidez da vida moderna e nossa extrema preocupação com o futuro podem se insinuar de modo a empobrecer nosso presente. Estamos sempre em busca de fazer mais em menos tempo. Um bom percentual de nossa felicidade (40%) depende diretamente de nossa vontade. Como vimos, dentro do uso dessa vontade, algumas ações vão levar ao prazer e outras à gratificação. Entretanto, os prazeres costumam ser intensos e imediatos, surgindo facilmente e indo embora de forma rápida, sem deixar realizações ou algo construído. São mero consumo de energia. Por outro lado as gratificações exigem esforço e habilidade no uso de nossas forças pessoais. Embora seus resultados sejam duradouros e conquistados a médio e longo prazos, estes são fontes constantes de felicidade. Quanto menos atalhos procurarmos, melhor!

Não temos controle sobre nossa genética (50% da equação da felicidade) nem sobre as circunstâncias da vida (10%). Porém, os outros 40% estão em nossas mãos e são de nossa própria responsabilidade.

* Psicóloga, pós-doutora em Psicologia (PUC-Rio), doutora em Psicologia Social e Cognitiva (UFRJ) e mestre em Psicologia Social (UFRJ)