Como a história, que marca tudo aquilo que acontece antiga ou recentemente, os ditados também são um pouco de curtas historinhas do dia a dia das pessoas, que têm conteúdo de atos e fatos referentes ao folclore. Muitos deles, hoje, são aplicáveis na política passada e muito mais nos dias atuais. Tendo-se em vista o momento presente, no caso vertente, a população brasileira está achando que há muitos ditados que se enquadram no título deste artigo: diria dezenas de rotos falando dos esfarrapados.
Com benefício e salutar surgimento da Lava Jato, uma podridão, muita sujeira e esbanjada corrupção pipocaram na mídia, e a Polícia Federal, o Ministério Público e, em última instância, a Justiça tiveram que expor “muita gente boa” investigando, julgando e condenando como nunca neste país.
Muitos, muitos mesmo, que estavam em cima do muro e passando-se por bons moços, de repente eis que aparecem na mídia. Sem que antes tenham sido pichados, desandavam a falar, a criticar os que apareciam e aparecem nas manchetes. São os rotos falando dos esfarrapados!
O que foi, num primeiro momento, a crítica pela crítica aos partidos. Temporariamente, a grande carga nessas duas décadas era pisar por sobre o governo do PT (13 anos no poder). Mas cabe lembrar que PMDB, PP e PSDB também sofreram acusações.
A partir do governo Dilma Rousseff, sobre ela e o PT, a moda era pisotear esses dois alvos: pessoal e jurídica, pois ficaram na berlinda. Ambos foram excomungados, não faltando os detratores sobre Lula.
O PT e muitos de seus filiados são considerados “cães danados,” portanto, todos a eles, diz o ditado. Mas a reboque, outros partidos e políticos também estão sendo investigados, julgados e condenados. Que bom que a coisa prossiga nesse diapasão. Nos últimos anos, muitos consideraram-se sem pecado original, isto é, sem mácula ou deslizes. Assim, por exemplo, posicionaram-se muitos dos filiados ao PSL, mas vindos de outras siglas.
Todavia, o Quarto Poder – a imprensa –, que presta relevantes serviços, mundialmente, e em especial à sociedade brasileira, não nega fogo. Prova disso são as denúncias ventiladas envolvendo a família Bolsonaro, que se coloca acima do bem e do mal e está sendo alvo de acusações, por seus vínculos a assessores, motoristas e auxiliares, que teriam cometido deslizes comprometedores. E, de novo, a sociedade está jogando o ditado: “os rotos falando dos esfarrapados”. Essa historinha que versa sobre movimentos financeiros, e que está pipocando na Coaf e na mídia, tem que ser esclarecida, resolvida, no tempo e no espaço.
Antes das eleições, durante as campanhas, falaram de tudo e de todos e, “no frigir dos ovos”, apontando tão-somente os adversários (PT e a esquerda, em geral), sobre os quais foi derramada a gordura fervendo como únicos culpados pela crise política, econômica e social.
Tem-se que apurar tudo, tim-tim por tim-tim, porque ninguém está acima da lei. E doa a quem doer. “Quem não tem pecados que atire a primeira pedra”, disse o Cristo!
* Advogado, jornalista e escritor