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JB no campo - Sanidade animal e auto regulação

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A entrevista do professor Iveraldo Dutra, da Unesp de Araçatuba (SP) ao Canal Rural disparou a eleição do tema de hoje. O professor Dutra estima uma mortalidade de 8% no rebanho bovino total, dentro das porteiras, o que seriam 16 milhões de cabeças ano na pecuária, uma perda extraordinária. A principal razão indicada para perdas é a sanitária e a sua sugestão é uma implementação de novo plano geral de saúde animal. Aponta também crescentes restrições do mercado internacional como por exemplo, a resíduos de antibióticos no leite.

Enfim, o professor dá nome aos bois, levantando a necessidade de comunicação mais eficiente com os produtores objetivando melhorar a situação das porteiras para dentro. Alô alô, produtor rural, cumprir apenas o calendário de vacinações obrigatórias não é suficiente! Clama-se por uma melhor gestão sanitária para manutenção e ampliação da confiança do consumidor interno e também para as questões que restringem o mercado internacional. Assim, aguarda-se um novo Plano de Saúde Animal para a bovinocultura que sensibilize, que mobilize de verdade os produtores. Mais um desafio para o novo governo.

Quero repetir sugestão que já dei nessa coluna. Achamos que o produtor rural pode ser conquistado para essa direção com a promoção genérica da auto regulação. Achamos também que o papel do governo nessa direção deve ser apenas de promoção, sem outras interferências. A atividade já é bastante regulada e os agentes públicos, em sua maioria, já exercem um papel importante, muitas vezes sob condições de trabalho e recursos insuficientes.

Não saberia opinar sobre a pecuária de corte em geral. Mas tenho convicções sobre a pecuária leiteira. Quero dar um exemplo concreto para um plano piloto nessa difícil atividade. Em determinado município, com mais de 30 mil habitantes existem por exemplo, 400 produtores. Não é um número improvável, pois o IBGE informa que temos mais de um milhão de produtores de leite, sendo que 400 mil produzem até 10 kg /dia. Os estabelecimentos produtores estão presentes em quase todos os municípios.

De volta ao plano piloto: um grupo de 10 ou 20 produtores daquele município se reúnem para uma assembleia de instalação e decidem um protocolo mínimo a ser cumprido em até 4 meses pelos interessados e a partir daí serem declarados aptos a receber e utilizar uma identificação, uma marca, uma certificação de que atendem aos dispositivos daquela auto regulação municipal. O protocolo técnico (lembrem-se que falamos inicialmente de produção leiteira), após ser elaborado em conjunto com os veterinários do município, torna-se oficial por votação. Nada disso começa do zero; tudo o que é obrigatório e eletivo é fartamente conhecido. Laboratórios veterinários podem ser consultados e vão contribuir.

A decisão final é sempre dos produtores, que, de forma cívica, se reúnem espontaneamente no Conselho Municipal de Auto Regulação de Sanidade Bovina, e pretendem se destacar na comunidade municipal. Não se espera que todos os produtores se interessem. O pequeno grupo inicial é que vai iniciar o processo que pode ser uma revolução. A instância municipal facilita a divulgação dos aprovados para utilização da marca, do selo. O retorno poderá ser enorme, imediato: produtores que se preocupam com a população em geral, são inovadores, civilizados, exemplos!

Do ponto de vista econômico, torna-se mais fácil reivindicar alguns centavos a mais por kg de leite fornecido. De fato o que é indispensável é a iniciativa de alguns produtores, abraçando um novo compromisso por auto regulação. O grupo pode se formar a partir de conversas na porta da Cooperativa, na saída da missa, na sauna do clube, no baile de 15 anos do mês. Começar a conversar , debater, alguém coordenar as primeiras reuniões. Acreditar em Cidadania.

Os grandes desafios só serão superados pelo trabalho de muitos. Que tal incluir logo seu município na liderança da auto regulação sanitária bovina? Por email, ofereço-me para sugestões complementares a quem se interessar. O Brasil agradecerá, se der certo o país pode melhorar!

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campo | evandro | jb