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A vida eterna

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Hoje é o dia de Todos os Santos e amanhã a liturgia nos convida a recordar os fiéis defuntos. Estas duas comemorações estão intimamente ligadas, assim como a alegria e as lágrimas encontram em Jesus Cristo uma síntese que é fundamento da nossa fé e da nossa esperança. Com efeito, por um lado a igreja se alegra pela intercessão dos santos que a reforçam na missão de anunciar o Evangelho; por outro, como Jesus, ela compartilha o pranto de tantos pela separação das pessoas amadas.

Entre hoje e amanhã, muitas pessoas visitam os cemitérios que é o lugar do descanso à espera do derradeiro despertar. É bom pensar que o próprio Jesus nos acordará! Foi precisamente Jesus que nos revelou que a morte do corpo é como um sono do qual Ele nos desperta. É com essa fé que nos detemos perante o túmulo dos nossos entes queridos, de quantos nos amaram e nos fizeram o bem.

A presença da igreja no momento de luto e de dor leva à solidariedade cristã. O cardeal Orani Tempesta estará presente em três cemitérios, celebrando junto aos que sofrem a dor da saudade. Mas vale destacar um costume antigo de Dom Orani, que todos poderíamos fazer: visitar os túmulos das pessoas sepultadas como indigentes, rezando pela salvação eterna desses nossos irmãos.

Esse gesto bonito de generosidade com o outro, nos indica que somos chamados a recordar todos, inclusive aqueles dos quais ninguém se lembra. Recordemos as vítimas da violência urbana; tantos pequeninos do mundo, esmagados pela fome e pela miséria; recordemos os anônimos; e recordemos quantos sacrificaram a vida para servir o próximo. Confiemos ao Senhor de maneira particular quantos nos deixaram durante este último ano.

A tradição da igreja sempre exortou a rezar pelos falecidos, de maneira especial oferecendo por eles a Celebração Eucarística: a melhor ajuda espiritual que nós podemos oferecer pelas suas almas.

A comemoração dos finados, o cuidado pelos sepulcros e os sufrágios são testemunhos de esperança confiante, radicada na certeza de que a morte não é a última palavra sobre o destino humano.

Devemos, porém, lembrar que a vida eterna começa aqui e agora. Quem vive com Deus neste mundo viverá com Ele eternamente. Quem tem Cristo na sua vida, vai tê-Lo na outra vida. Quem vive no amor e na harmonia com seus irmãos, continuará na outra vida na plenitude do amor.Quem vive uma vida reconciliada e pacificada com seus irmãos, também continuará na outra vida na perfeita reconciliação.

Por isso, a hora de amar, de perdoar, de servir, de espalhar o bem é agora. No momento do encontro final com Deus, de nada vale o dinheiro, o sucesso, o prestígio, a beleza, a fama. Levaremos em nossa bagagem o bem que realizamos ao longo da vida, sobretudo para os mais pobres.

Portanto, para nós, cristãos, a morte, que no passado era como uma caverna escura, sem saída, tornou-se um túnel, cujo final é luminoso. Cristo arrombou as portas da morte! Ela tornou-se um caminho para a nossa Páscoa, nossa passagem deste mundo para o Pai: “Ainda que eu passe pelo vale da morte, nenhum mal temerei, porque está comigo”.

Assim, o Dia de Finados é uma excelente data para rezar pelos nossos irmãos já falecidos, de visitar os túmulos de nossos entes queridos, de participarmos da Santa Missa, lucrando as indulgências concedidas para essa ocasião, mas também para pensarmos na nossa morte e na nossa vida, quando ainda temos tempo de conversão.

* Pároco da Paróquia de São José da Lagoa e reitor do Cristo Redentor