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Fraude eleitoral?

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Os processos eleitorais sofreram sempre várias críticas. Uma delas, preferida de Brizola, era às urnas eletrônicas, que nunca chegou a ter algum tipo de comprovação de que fossem instrumento de fraude.

Outra, a posse do dinheiro na promoção das candidaturas. Um mecanismo indecente, em que grandes empresas financiavam candidatos, evidentemente em troca de que eles defendessem os interesses da própria empresa. Na verdade não pertencem a partidos, mas às empresas. A Odebrecht confessou que financiou nas últimas eleições, via caixinha do Eduardo Cunha, a eleição de 150 deputados, tornando-se o maior partido da Câmara. Foi esse Congresso que derrubou Dilma, dando legalidade a um golpe, sem justificativa e com o silêncio cúmplice do Judiciário.

O financiamento privado aberto de campanhas terminou, embora cada candidato possa financiar de maneira milionária sua própria campanha, como foi o caso de Meirelles, a quem faltaram votos, mas sobraram recursos.

Porém, por detrás da estranha virada na campanha eleitoral e dos resultados suspeitos do primeiro turno, sugiram as denúncias da “Folha de S.Paulo” sobre o financiamento por parte de empresas das mensagens mentirosas no WhatsApp, que revelam uma outra forma de fraude. Que contém grana privada, o que é proibido, financiando mentiras propagadas por robôs, de forma a influenciar de maneira maciça o processo eleitoral.

Depois de vários juízes terem alertado sobre esse problema, vergonhosamente o Tribunal Superior Eleitoral diz que não tem condições de controlar e limitar o efeito dessas mentiras difundidas amplamente nas campanhas eleitorais. Deveriam, então, anular eleições em que o tribunal não controla um mecanismo que se tornou decisivo e ameaça eleger presidente, governadores e parlamentares que irão dirigir o Brasil. Ou declara as eleições ilícitas, as cancela e renuncia como tribunal. O que não pode é chancelar uma nova forma de fraude, que daria continuidade a um regime de exceção nascido de um golpe e que teve continuidade pelo complacente silêncio do Judiciário e pela perseguição política e jurídica contra o candidato líder em todas as pesquisas.

O país entraria em um período histórico profundamente marcado pela ilegalidade, pela fraude, pela ausência do Judiciário, pela eleição de um candidato que defende posições contrárias à Constituição, como a pena de morte, a tortura, a ditadura. Todos os que não se pronunciem e atuem abertamente contra essa fraude serão responsáveis por jogar o país no abismo, na ilegalidade, no desprestígio internacional – com um candidato que recebe a rejeição mundial generalizada.

Quem assume essa responsabilidade, alegando, uma vez mais de forma falsa e cínica, que se trata da vontade do povo brasileiro? O povo brasileiro não se pronuncia através do WhatsApp, não pode votar condicionado por mentiras.

Basta ver que as pesquisas indicam um nível de rejeição de Fernando Haddad de 54%! Tudo forjado mediante as mentiras mais deslavadas, já denunciadas pela própria mídia. Enquanto o repudiado Bolsonaro teria apenas 41% de rejeição!

Vamos votar nesta semana, se as eleições não forem suspensas. Numa eleição absolutamente fraudada, que pode eleger um candidato que seria a vergonha do Brasil. Um candidato que beija a bandeira dos Estados Unidos, poderia representar o Brasil? Um candidato complacente com o nazismo? Um candidato que defende o armamento generalizado da população, colocando em risco a vida de todos, em nome da segurança de todos, pode ocupar o mais alto cargo da República?

O Rio de Janeiro suportaria o império da mistura da política com religião no plano federal, estadual e municipal? Que Rio é esse, o Rio da liberdade, da livre convivência entre as pessoas, da diversidade, do pluralismo de opinião e de costumes?

Não é o Rio e o Brasil que queremos, os que sofremos a ditadura, os que lutamos para restabelecer a democracia, os que chegamos a construir um país de que nos orgulhávamos e o mundo respeitava.

* Sociólogo