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Há 279 anos formando sacerdotes

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O Seminário Arquidiocesano de São José forma sacerdotes desde 1739, não somente para a Arquidiocese do Rio de Janeiro, como também para as diversas cidades do Brasil. Com uma história quase tricentenária, inserida no contexto do país, não deixou de enfrentar as múltiplas transformações políticas, sociais e religiosas, que marcaram cada época. Também hoje, o seminário encontra seus próprios desafios.

A igreja sempre reservou uma especial atenção ao tema da formação sacerdotal. No Rio de Janeiro, a igreja teve o privilégio de celebrar, ontem, 279 anos de fundação do Seminário São José – o primeiro do país. A data foi marcada com uma missa solene celebrada pelo arcebispo do Rio, cardeal Orani Tempesta, que recordou a história da instituição.

No Brasil do século 18 ainda não existiam casas de formação e de estudo destinadas aos futuros sacerdotes diocesanos. Até então, os vocacionados tinham a opção de serem educados em alguma escola dirigida pelos padres jesuítas ou, se a família tivesse condições, realizar seus estudos na Europa.

Para atender aos anseios do Concílio de Trento e por desejar uma competente formação para os futuros sacerdotes, dom Frei Antônio de Guadalupe criou, através da provisão de 5 de setembro de 1739, o SeminárioSão José. Inicialmente foi construído no Morro do Castelo, mas desapareceu junto com a demolição do morro, no início do século 20, para a abertura da Avenida Central, atual Rio Branco.

A partir daí o seminário viveu com as mais diversas eventualidades, se transformando e adaptando de acordo com as condições histórico-religiosas. Em 1873 foi separado do seminário menor, que se transferiu para o Rio Comprido. Ali foi lançada a primeira pedra da Igreja do Sagrado Coração de Jesus – hoje Igreja de São Pedro.

Com a proclamação da República e a separação entre Estado e igreja, os seminários maior e menor voltaram a ficar juntos no Rio Comprido. Em 1907, por motivos econômicos, o cardeal Joaquim Arcoverde teve que fechar a instituição. Durante esse período, os seminaristas foram estudar em São Paulo e somente em 1924 foi reaberto, funcionando num palacete arrendado na Ilha de Paquetá.

Ao terminar o contrato de cessão do seminário, em 1932, os alunos de Paquetá voltaram para o Rio Comprido. No governo arquidiocesano de dom Jaime de Barros Câmara foi iniciada a construção do prédio do seminário maior na Avenida Paulo de Frontin.

Na nova fase impulsionada pelo Concílio Vaticano II foram estabelecidas mudanças na formação dos padres. O curso de teologia, que era realizado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, retornou para sua sede. Por sua vez, dom Eugenio de Araujo Sales determinou a construção de um novo prédio para o seminário maior. Nesse período, chegou a contar com 270 alunos.

Já dom Eusébio Scheid inaugurou, na Tijuca, o Seminário Propedêutico Rainha dos Apóstolos, destinado a jovens vocacionados que se preparam para ingressar no seminário maior.

Em 2012, no governo do cardeal Orani Tempesta, o seminário propedêutico foi transferido para as dependências do Rio Comprido, caminhando junto com o seminário maior. Sua sólida base espiritual e intelectual, com os estudos na Faculdade Eclesiástica de Filosofia e no Instituto Superior de Teologia, aliada ao desenvolvimento corporal, com aulas de educação física, e ao desenvolvimento artístico-musical, com a Schola Cantorum, e ainda o estágio pastoral nas paróquias, permite aos seminaristas cultivar não só uma boa preparação para o futuro ministério sacerdotal, mas também dotá-los de uma profunda e variada riqueza cultural.

É inegável a importância que o Seminário Arquidiocesano São José teve e tem na formação de uma boa parte do clero nacional. Sua missão continua a ser a formação dos futuros padres da igreja através da dedicação e empenho do clero diocesano, que ao mesmo tempo constrói e é parte dessa história marcada pelo auxílio da providência de Deus. São José, rogai pelas vocações sacerdotais!

* Pároco da Paróquia de São José da Lagoa e reitor do Cristo Redentor

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