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Bolsonaro nega tentativa de obstrução de investigação do caso Marielle

Presidente afirmou ter acessado gravação para evitar que fosse "adulterada"

REUTERS/Adriano Machado -
Jair Bolsonaro
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O presidente Jair Bolsonaro voltou a negar que o fato de seu filho Carlos ter acessado o sistema de gravação de áudio do condomínio onde mora para rebater depoimento de um porteiro que citou o presidente nas investigações sobre a morte da vereadora Marielle Franco tenha representado algum tipo de obstrução.

"Que obstrução? Apenas eu falei com meu filho, ele foi na portaria, coisa que qualquer um dos 150 moradores do condomínio podem fazer, colocou a data 14 de março do ano passado, e todas as ligações para a minha casa e a casa dele, colocou o áudio, e filmou esse áudio, nada mais além disso", disse Bolsonaro em entrevista à TV Record exibida na noite de domingo.

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Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

Bolsonaro já havia afirmado no fim de semana, após dizer que Carlos tinha acessado a gravação para evitar que fosse "adulterada", que o fato não representava qualquer tipo de obstrução.

Na quarta-feira, Carlos Bolsonaro publicou um vídeo nas redes sociais em que acessava o sistema de gravação de áudio da portaria do condomínio para mostrar, segundo ele, que o porteiro que citou o nome de Bolsonaro nas investigações da morte de Marielle não tinha falado a verdade.

O vídeo foi publicado após reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, afirmando que o porteiro disse em depoimento que Élcio Queiroz, acusado de dirigir o carro usado no assassinato da vereadora do Rio de Janeiro e de seu motorista Anderson Gomes, em março do ano passado, entrou no condomínio afirmando que ia à casa de Bolsonaro e que teve a entrada autorizada pelo "seu Jair".

Queiroz, de acordo com a reportagem que cita o depoimento, teria, na verdade, ido à residência de Ronnie Lessa, acusado de efetuar os disparos que mataram Marielle e Anderson. Lessa mora no mesmo condomínio de Bolsonaro.

Na reportagem, o Jornal Nacional disse que o sistema de presença da Câmara dos Deputados mostra que Bolsonaro estava em Brasília no dia do assassinato de Marielle, o mesmo em que Queiroz teria visitado Lessa no condomínio.

O presidente confirmou que estava em Brasília e fez duros ataques à TV Globo e ao governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), a quem acusou de vazar as investigações, que correm sob segredo de Justiça.

O Ministério Público do Rio de Janeiro, que lidera a apuração do caso Marielle junto com a polícia do Rio de Janeiro, afirmou no mesmo dia em que Carlos fez a gravação que o porteiro do condomínio mentiu, uma vez que as investigações apontam que é de Ronnie Lessa a voz que aparece em uma gravação autorizando a entrada de Élcio Queiroz.

Após a reação do MPRJ, uma das promotoras que atuam no caso decidiu se afastar da apuração da morte de Marielle e Anderson depois que foram reveladas publicações dela em redes sociais de apoio a Bolsonaro durante a campanha eleitoral do ano passado.