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CPI das fake news convoca empresários que prestaram serviços à campanha de Bolsonaro

Representantes das quatro firmas que enviaram mensagens em massa por WhatsApp foram convocados

Reuters/Adriano Machado -
INFORME JB: 'Bolsonaro só se esqueceu de combinar com os russos, no caso, os governadores'
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A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que investiga fake news aprovou, nesta quarta-feira (25), requerimentos de convocação de empresas e pessoas que prestaram serviços para a campanha do presidente Jair Bolsonaro em 2018.

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Campanha de Bolsonaro teria sido beneficiada por mensagens em massa via Whatsapp (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

Representantes das quatro firmas citadas em reportagens do jornal "Folha de S.Paulo" sobre o envio em massa de mensagens por WhatsApp foram convocados. São elas: Quickmobile, Croc Services, SMS Market e Yacows.

A CPMI convocou ainda os responsáveis pelas empresas CA Ponte e Enviawhatsapp –esta última foi objeto de reportagem da Folha de S.Paulo em junho deste ano. O jornal revelou que empresas brasileiras contrataram a agência de marketing na Espanha para fazer, pelo WhatsApp, disparos em massa de mensagens políticas a favor do então candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL). A informação consta de áudio obtido na apuração.

A informação, que aparece em gravações obtidas pela Folha de S.Paulo, é do espanhol Luis Novoa, dono da Enviawhatsapps.

O representante do WhatsApp no Brasil também foi convocado pela CPMI, assim como os de Facebook, Twitter, Google e YouTube.

Rebecca Félix da Silva Ribeiro Alves, que hoje é assessora do Palácio do Planalto, também foi convocada. Ela trabalhou durante a campanha na casa do empresário Paulo Marinho, que à época apoiava Bolsonaro.

Recentemente, em entrevista à GloboNews, Marinho disse que o local acabou servindo para o disparo de informações falsas.

O esquema de compra de pacotes de envios de mensagens em massa por empresários que apoiavam Jair Bolsonaro foi revelado pela Folha de S.Paulo em outubro do ano passado.

A campanha do presidente nunca admitiu irregularidades, e os citados na reportagem também negaram ter patrocinado o disparo de mensagens.

A prática é ilegal, já que a lei eleitoral veda doação empresarial a campanhas.

Após a revelação na Folha de S.Paulo, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) abriu investigação, mas nunca deu um passo significativo ou avançou sobre empresas e testemunhas-chave do procedimento.

Depois, o jornal obteve depoimentos prestados à Justiça trabalhista por ex-funcionários de uma dessas empresas de disparos de mensagens. A ação apontava o uso de CPFs fraudados para a habilitação dos chips usados no envio de mensagens em massa.

CONVITES

A CPMI também disparou convites a jornalistas. Da Folha de S.Paulo, Patrícia Campos Mello e Rubens Valente. Mello foi a repórter que revelou o esquema de disparo de mensagens em massa.

O deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) também foi chamado para falar do assunto. Frota se elegeu pelo PSL, mas rompeu com Bolsonaro e migrou para o tucanato. Em entrevista ao programa "Roda Viva" (TV Cultura), no fim de agosto, ele admitiu que o disparo de fake news foi uma prática adotada na campanha.

Um representante do The Intercept Brasil também terá de comparecer à CPI. O site tem revelado mensagens trocadas por integrantes da Operação Lava Jato. A convocação de representante do aplicativo Telegram está entre as aprovadas.

A lista de convocações foi uma vitória do PT e da oposição a Bolsonaro, autores da maioria dos pedidos de convocação.(Daniela Lima/FolhaPress SNG)