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Declarações como a de Carlos Bolsonaro merecem desprezo, diz Alcolumbre

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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse nesta terça-feira (10) que declarações como a de Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) merecem desprezo porque a democracia está fortalecida.

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Presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)

"O Senado Federal, o Parlamento brasileiro, a democracia estão fortalecidos. As instituições todas estão pujantes, trabalhamos a favor do Brasil. Então, uma manifestação ou outra em relação a este enfraquecimento tem, da minha parte, o meu desprezo", reagiu Alcolumbre.

"Confio na democracia, acredito nas instituições e, por isso, cumpro meu papel tentando dar estabilidade a um país de 200 milhões de brasileiros que aguardam nossas respostas para emprego, para mais saúde e mais educação", disse o senador.

O filho 02 do presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) escreveu em uma rede social nesta segunda-feira (9) que, por vias democráticas, não haverá as mudanças rápidas desejadas no país.

"Por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos... e se isso acontecer. Só vejo todo dia a roda girando em torno do próprio eixo e os que sempre nos dominaram continuam nos dominando de jeitos diferentes!", disse Carlos na noite de segunda-feira (9).

Carlos Bolsonaro pediu licença não remunerada da Câmara Municipal do Rio de Janeiro no último dia 6 de setembro. A comunicação foi publicada nesta terça-feira no Diário Oficial da Casa.

Ele tem dormido no Hospital Vila Nova Star, na zona sul de São Paulo, desde o último sábado (7), acompanhado o pai que está internado após realizar no domingo (8) a quarta cirurgia desde a facada que sofreu no ano passado.

HISTÓRICO

A família Bolsonaro tem um histórico de declarações de exaltação ao período da ditadura militar, que vigorou no Brasil de 1964 a 1985.

Na campanha de 2018, uma declaração de outro filho do atual presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), sobre fechar o STF (Supremo Tribunal Federal) foi repudiada no meio jurídico e político.

Em vídeo gravado em julho e disponível na internet, mas que veio à tona a uma semana do segundo turno, ele respondia a pergunta sobre uma hipotética possibilidade de ação do Exército em caso de o STF impedir que Bolsonaro assuma a Presidência.

"Cara, se quiser fechar o STF, sabe o que você faz? Você não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo. Não é querer desmerecer o soldado e o cabo, não", disse.

Outro filho político do presidente, senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), virou alvo de investigação após movimentações atípicas de seu ex-assessor Fabrício Queiroz. 

Em resposta às postagens de Carlos, alguns internautas aproveitaram para cobrar uma ação de Flávio a favor da CPI da Lava Toga, cujo propósito é investigar ministros de cortes superiores.

No entanto, Flávio tem trabalhado para que parlamentares retirem assinaturas para inviabilizar a criação da CPI.

Nesta terça, inclusive, a senadora Juíza Selma (PSL-MT) divulgou nota em que afirma que pode deixar o partido por causa de pressão para retirar apoio à comissão para investigar integrantes do STF.

"A senadora Juíza Selma esclarece que devido a divergências políticas internas, entre elas a pressão partidária pela derrubada da CPI da Lava Toga, está avaliando a possibilidade de não permanecer no PSL", diz a nota.

No primeiro semestre, a influência de Carlos no governo Bolsonaro foi motivo de críticas de políticos e de militares ligados à administração federal.

Em um dos episódios mais ruidosos, em meio à crise das candidatas laranjas do PSL reveladas pela Folha de S.Paulo, Carlos divulgou em seu perfil no Twitter uma gravação de seu pai indicando que o presidente não havia conversado com o então ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, diferentemente do que este havia dito.

Chamado de mentiroso por Carlos e depois pelo próprio presidente, Bebianno acabou demitido. 

Ligado ideologicamente ao escritor Olavo de Carvalho, Carlos também centrou ataques a Mourão e ao general Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo que foi demitido em junho.

Jair Bolsonaro chegou a defender seu filho em março, afirmando que há pessoas que querem afastá-los, mas "não conseguirão".

Junto com a mensagem, na ocasião, publicou uma foto em que é amparado por Carlos no corredor de hospital.

"Algumas pessoas foram muito importantes em minha campanha. Porém, uma se destacou à frente das mídias sociais, com sugestões e conteúdos: Carlos Bolsonaro, meu filho. Não por acaso muitos, que nada ou nunca fizeram para o Brasil, querem afastá-lo de mim", escreveu Bolsonaro.

"Não conseguirão: estando ou não em Brasília continuarei ouvindo suas sugestões, não por ser um filho que criei, mas por ser também alguém que aprendi a admirar e respeitar pelo seu trabalho e dedicação", concluiu.

Dizendo-se desgostoso com a política, Carlos tem dito a aliados que desistiu de concorrer à reeleição à Câmara do Rio --está em seu quinto mandato seguido-- e lançou a própria mãe, Rogéria, para a disputa. (Daniel Carvalho/FolhaPress SNG)