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'Todo mundo é suspeito, mas a maior suspeita vem de ONGs', diz Bolsonaro sobre incêndios

Marcos Corrêa/PR -
Jair Bolsonaro
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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a afirmar nesta quinta-feira (22) que ONGs são suspeitas de provocar incêndios na Amazônia.

Questionado sobre se poderiam ser fazendeiros os autores dos focos das queimadas, ele disse que sim. 

"Pode, pode ser fazendeiro, pode. Todo mundo é suspeito, mas a maior suspeita vem de ONGs", afirmou Bolsonaro ao deixar o Palácio da Alvorada. 

Macaque in the trees
Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR)

O presidente mostrou-se irritado com a repercussão de uma declaração sua sobre o tema na quarta (21), quando disse que as queimadas poderiam ser ação criminosa de "ongueiros" para chamar a atenção contra o governo.

Ao parar para falar com jornalistas, depois de cumprimentar apoiadores na porta do Alvorada, ele disse que a imprensa foi irresponsável ao dizer que ele estava acusando as ONGs.  Ele disse que gostaria de "converter" os jornalistas. 

"Vocês me entrevistaram ontem, vocês viram o que saiu nos jornais? Não é culpa de vocês, passa pelo filtro do editor. Em nenhum momento eu fui e falei, acusei as ONGs. [Falei de] suspeita", disse.

Incomodado, ele ironizou que os jornalistas esperavam que ele dissesse que são os índios os autores das queimadas. 

"São os índios, quer que eu culpe os índios? Vai escrever os índios amanhã? Quer que eu culpe os marcianos? É, no meu entender, um indício fortíssimo que esse pessoal da ONG perdeu a teta deles. É simples."

"As ONGs perderam dinheiro, estão desempregados. Tem que tentar fazer o que? Tentar me derrubar", afirmou. 

Questionado sobre se havia provas de que há ação dessas organizações nas queimadas, Bolsonaro disse que não tem como haver prova, só se houver flagrante. 

"Não se tem prova disso, meu Deus do céu. Ninguém escreve isso, vou queimar lá, não existe isso", disse.

O presidente disse ainda que o Brasil vai enfrentar problemas pelo que chamou de "irresponsabilidade da imprensa".

"O Brasil vai chegar à situação da Venezuela. É isso que a grande parte da grande imprensa brasileira quer. E fica o tempo todo de picuinha, fazendo campanha contra o Brasil. Vocês acham, se o mundo lá fora começar a impor barreiras comerciais nossas, cai o nosso agronegócio, cai a economia", disse.

Ao falar com repórteres, mandou um recado para chefias das redações dizendo que os editores dos jornais e donos de televisões também terão a vida complicada, como a de todos os brasileiros.

"A imprensa está cometendo um suicídio", disse. "Estamos numa nova era. Assim como acabou no passado o datilógrafo, a imprensa está acabando. Não é só por questão de poder aquisitivo do povo que não está bom. É porque não se acha verdade ali."