ASSINE
search button

Bolsonaro gerou desconfiança desde o início, diz Maia sobre pagamento de emendas para a Previdência

REUTERS/Adriano Machado -
Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, durante sessão da Casa em Brasília
Compartilhar

Em meio à cobrança de parlamentares para que o governo cumpra a promessa de pagar emendas orçamentários para a votação da reforma da Previdência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou no início da noite deste terça-feira (9) que a "relação do Legislativo com o Executivo é sempre de desconfiança".

"Até porque esse governo, no início, gerou uma desconfiança na relação", disse após ser questionado se o lote extra oferecido pelo Palácio do Planalto aos deputados.  

Macaque in the trees
Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, durante sessão da Casa em Brasília (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

Em seguida, Maia disse, no entanto, acreditar que uma relação "mais harmônica entre os Poderes" está sendo construída. "Acho que isso vai caminhar para o leito normal do rio e a gente vai construir daqui para frente uma relação mais harmônica entre os Poderes.

Apesar de o governo ter acelerado a liberação de emendas orçamentárias e oferecido um lote extra aos parlamentares, partidos ampliaram nesta terça-feira (9) a lista de exigências, atrasando o início da votação da reforma da Previdência no plenário da Câmara.

As siglas pressionam por um volume maior de empenho de emendas e também manifestam desconfiança de que o governo, passada a votação, vá descumprir a sua palavra. É normal, por exemplo, empenhos ficarem anos na gaveta e serem cancelados sem execução.

Com isso, a análise do texto, que é a prioridade legislativa de Jair Bolsonaro, corre o risco de não acontecer nesta terça--parte das siglas do centrão, inclusive, defendem que ela não ocorra nesta semana.

Apesar de na campanha ter adotado o discurso de que colocaria fim ao toma lá dá cá na relação com o Congresso, o governo ofereceu a cada parlamentar fiel um lote extra de R$ 20 milhões de emendas (em um total de mais de R$ 3 bilhões), que é o direcionamento de verbas do Orçamento para o reduto eleitoral dos parlamentares. 

Além disso, acelerou o empenho -que é o registro oficial de que pretende executar aquele gasto- das emendas ordinárias, conforme mostrou a Folha de S.Paulo nesta terça: liberou quase R$ 1 bilhão na véspera da votação. Tudo isso não foi suficiente para obter até o momento o apoio mínimo de 60% dos deputados (308 dos 513 votos).

Nesta terça, líderes do centrão se reuniram com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em sua casa, local em que as principais negociações estavam sendo feitas. Há um racha nesse grupo: parte defende início imediato da votação e parte quer adiar.

Partidos pressionam por um volume maior de empenho de emendas e também manifestam desconfiança de que o governo, passada a votação, vá descumprir a sua palavra. É normal, por exemplo, empenhos ficarem anos na gaveta e serem cancelados sem execução.

Maia, que se tornou o principal fiador da reforma, tenta contornar as insatisfações. Entre outros pontos, discute com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), compromisso de ele segurar a votação da reforma no Senado até que o governo cumpra a promessa de liberar, de fato, o dinheiro das emendas ordinárias e extras. 

"Alguns [partidos] querem iniciar a votação hoje. Outros querem iniciar a votação amanhã. Então é isso que nós estamos construindo. Então vamos aguardar dar um quórum bom; um volume bom de parlamentares, para a gente vencer a obstrução e colocar em votação. Eu gostaria de colocar em votação ainda hoje nem que fosse de madrugada", disse a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP). Pela manhã ela havia previsto votação em segundo turno até a quinta-feira.

A oposição acusava o governo de tentar comprar votos com promessas vazias.

Segundo o líder do PT, Paulo Pimenta (RS), o governo publicou no Diário Oficial da União liberação de R$ 93 milhões para uma emenda da saúde feita pela Comissão de Seguridade Social da Câmara. O problema é que o Congresso só havia aprovado R$ 2 milhões para essa emenda.

"O governo está comprando votos com cheque sem fundo. Esse governo usa fake até para comprar votos dos seus aliados", afirmou o petista.