BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O episódio da prisão de um sargento da Aeronáutica com 39kg de cocaína em um avião da FAB em Sevilha, na Espanha, provocou um desconforto entre auxiliares do presidente Jair Bolsonaro, incluindo os do setor inteligência.
Para eles, o caso prejudica a imagem do país no exterior e demonstra que tem havido falha na fiscalização das aeronaves de apoio à comitiva do presidente Jair Bolsonaro.
Os aviões estão sob a responsabilidade da Força Aérea Brasileira, vinculada ao Ministério da Defesa.
O segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues integrava a tripulação de um avião de apoio à comitiva da viagem de Bolsonaro para o encontro do G-20 no Japão. Ele foi preso em Sevilha pelas autoridades espanholas nesta terça (25) com 39kg de cocaína.
Segundo relatos feitos à Folha por integrantes do governo, raramente a tripulação de suporte é submetida a revista policial ou a detectores de metais antes do embarque no Brasil.
Após o ocorrido, auxiliares palacianos têm defendido que as Forças Armadas passem, a partir de agora, a adotar um procedimento de segurança mais rigoroso.
Nos bastidores, a aposta cúpula militar é de que o sargento foi pago para transportar o material para a Espanha, onde o entregaria para um grupo criminoso.
Após a prisão, o avião de Bolsonaro mudou a rota de viagem. Ele decolaria de Brasília rumo a Sevilha para, na sequência, seguir viagem ao Japão. O presidente parou em Lisboa, a capital de Portugal, como local de escala.
Em mensagem publicada em rede social nesta quarta, Bolsonaro disse considerar "inaceitável" o episódio envolvendo o sargento. "Apesar de não ter relação com minha equipe, o episódio de ontem, ocorrido na Espanha, é inaceitável. Exigi investigação imediata e punição severa ao responsável pelo material entorpecente encontrado no avião da FAB. Não toleraremos tamanho desrespeito ao nosso país!", afirmou.
O presidente interino, Hamilton Mourão, qualificou como uma "mula qualificada" o sargento.
Segundo o general, o militar era taifeiro e atuaria no serviço de copa da aeronave presidencial quando Bolsonaro fizesse uma escala na Espanha ao retornar do Japão ao Brasil, após participar da cúpula do G-20.
"É óbvio que, pela quantidade de droga que o cara tava levando, ele não comprou na esquina e levou, né? Ele estava trabalhando como mula. Uma mula qualificada, vamos colocar assim", disse.
O presidente interino ressaltou que as Forças Armadas não estão imunes ao tráfico de drogas e que o militar preso receberá uma "punição bem pesada". Segundo ele, não é a primeira vez um militar é detido carregando entorpecentes.
"As Forças Armadas não estão imunes a esse flagelo da droga. Isso não é a primeira vez que acontece, seja na Marinha, seja no Exército, seja na Força Aérea. Agora, a legislação vai cumprir o seu papel e esse elemento vai ser julgado por tráfico internacional de drogas e vai ter uma punição bem pesada", disse.