SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Durou menos de um semestre a troca na secretaria da educação promovida por Bruno Covas (PSDB) em São Paulo. Pressionado pelo governador e correligionário João Doria, Covas decidiu tirar seu escolhido João Cury Neto do cargo para o qual ele foi nomeado em janeiro deste ano.
O secretário de Educação tornou-se desafeto de Doria em 2018, quando decidiu aceitar o convite do então governador Márcio França (PSB) para assumir o posto de secretário estadual de Educação. A movimentação foi entendida como apoio à campanha do pessebista contra Doria na campanha eleitoral.
Cury foi expulso do PSDB pelo então presidente estadual da sigla, Pedro Tobias, acusado de "irrefutável transgressão ética".
Para o seu lugar o nome mais cotado é o do tucano Bruno Caetano, ex-diretor-intendente do Sebrae, próximo de uma ala tucana mais tradicional, formada por nomes como José Serra e Andrea Matarazzo (atualmente no PSD). Cury deve continuar na prefeitura em cargo menos influente, possivelmente no gabinete do prefeito. Covas pode anunciar a troca na noite desta segunda (10), durante reunião com seus secretários.
A chegada de Cury Neto à prefeitura foi cercada de polêmica. Seu antecessor, Alexandre Schneider, conseguiu ampliar as vagas de creche em meio à crise econômica, liderou o desenvolvimento do currículo da cidade e manteve com a categoria docente a boa relação que já tinha quando ocupou o mesmo cargo na gestão Gilberto Kassab (PSD), entre 2006 e 2012. A saída de Schneider pegou os docentes, o secretariado e o próprio ex-prefeito Doria de surpresa.
A chegada de Cury, figura próxima de Covas, fez parte de um movimento de articulação política do prefeito, tendo em vista as eleições de 2020. Ao nomear Cury, acreditava que poderia conseguir o apoio de França e de seu partido, o PSB.
Procurada pela reportagem, a gestão Covas não se manifestou até a publicação desta reportagem. Em nota, o governador Doria disse que "o prefeito Bruno Covas tem total autonomia para tomar todas as decisões que julgar conveniente."