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Protestos contra cortes no ensino ocorrem em todos os estados e no DF

Milhares de manifestantes foram às ruas criticar as medidas do governo Bolsonaro na educação

Reuters -
Estudantes fazem protesto contra o corte de verba no ensino público. REUTERS/Amanda Perobelli
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Manifestações contra o bloqueio de verba para o ensino federal promovido pelo Ministério da Educação foram realizadas em todos os estados e no Distrito Federal, nesta quarta-feira (15), reunindo milhares de alunos, profissionais de ensino e pais. O MEC bloqueou 24,84% dos gastos não obrigatórios dos orçamentos das instituições federais. Essas despesas incluem contas de água, luz e compra de material básico, além de pesquisas

O presidente Jair Bolsonaro, que está nos Estados Unidos, afirmou que os manifestantes era, "uns idiotas úteis, uns imbecis". "A maioria ali é militante. É militante. Não tem nada na cabeça. Se perguntar 7 x 8 não sabe. Se perguntar a fórmula da água, não sabe. Não sabe nada. São uns idiotas úteis, uns imbecis que estão sendo utilizados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo de muitas universidades federais do Brasil", afirmou.

Rio de Janeiro

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Manifestantes fazem protesto na Candelária contra o corte de verba no ensino federal (Foto: Beto Herrera)

Com forte presença de adolescentes e jovens, alunos de escolas e universidades públicas, o protesto fechou neste fim de tarde duas faixas da avenida Presidente Vargas e da avenida Rio Branco, no centro do Rio.

De instituições como o tradicional colégio Pedro II, os jovens ensaiam gritos de guerra contra o presidente Jair Bolsonaro e seu governo.

"Que contradição, tem dinheiro pra milícia mas não tem pra educação", "Eu não vou trabalhar até morrer, Bolsonaro eu vou derrubar você" e "A nossa luta unificou, é estudante junto com trabalhador" são alguns dos gritos ouvidos.

 São Paulo 

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Estudantes fazem protesto contra o corte de verba no ensino público. REUTERS/Amanda Perobelli (Foto: Reuters)

Os manifestantes tomaram completamente o vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, região central da capital. Os dois sentidos da via e as calçadas também foram ocupados. Na multidão, muitos estudantes, além de professores universitários, estaduais e municipais. Nas universidades públicas houve chamado para paralisar as atividades. Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), não houve aula em nenhuma das faculdades, apenas as áreas essenciais de manutenção funcionaram. Na Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade Estadual Paulista (Unesp), a decisão de assistir às aulas ou ir ao protesto ficou a cargo dos estudantes.

O Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) divulgou nota em apoio à manifestação. O comunicado destaca que as três instituições são respondem “por mais de 35% da produção científica nacional e são responsáveis por 35% dos programas de pós-graduação de excelência no país”.

De acordo com o conselho, no Brasil e em países desenvolvidos a pesquisa é financiada majoritariamente pelos governos. “Interromper o fluxo de recursos para estas instituições constitui um equívoco estratégico que impedirá o país de enfrentar e resolver os grandes desafios sociais e econômicos do Brasil.”

Natal

Manifestantes se concentraram em Natal no cruzamento das avenidas Salgado Filho e Bernardo Vieira. De lá, partiu em passeata até a praça de Mirassol, na BR-101.

Participam do ato alunos e professores da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), Ufersa (Universidade Federal Rural do Semi-Árido) e IFRN (Instituto Federal do Rio Grande do Norte).

A reitora da UFRN, ngela Paiva, afirmou durante a semana que o bloqueio provocará a demissão de aproximadamente 1.500 servidores terceirizados e suspenderá parcial ou totalmente as atividades a partir de setembro deste ano.

Recife

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco afirma que 20 mil pessoas foram ao protesto na tarde desta quarta na capital pernambucana.

Valeria Silva, vice-presidente do sindicato, disse que o movimento é um "esquenta" para a greve geral de 14 de junho. "É uma resposta ao governo federal pelos ataques que tem feito à Educação desde que assumiu, e veio agora com esses cortes nas universidades. Outro ponto importante é a Reforma da Previdência que vem destruir a aposentadoria do povo brasileiro".

Salvador

A mobilização já lotava o Largo do Campo Grande, no centro, quando, perto das 10h, estudantes, professores, sindicalistas e apoiadores da manifestação saíram em caminhada com destino à Praça Castro Alves, distante cerca de 1,5 quilômetro. A Polícia Militar acompanha a manifestação a fim de garantir a segurança das pessoas, mas não divulgará o número de participantes.

Curitiba

Na capital paranaense, manifestantes se concentraram na Praça Santos Andrade, em frente à Universidade Federal do Paraná, na região central da cidade. Dali, seguiram em direção à sede da prefeitura. No caminho, alguns participantes do ato abordaram pedestres e trabalhadores do comércio para explicar as razões da manifestação.

Antes de se dispersar, por volta das 12h30, o grupo ainda esteve na Assembleia Legislativa, onde representantes do movimento entregaram a deputados estaduais um documento com o posicionamento do Fórum Popular de Educação do Paraná (Fepe-PR) sobre o contingenciamento de recursos da educação. A Polícia Militar não informou a estimativa de público presente. Já as entidades organizadoras afirmam que o número total variou entre 16 mil e 20 mil pessoas ao longo de toda a manhã. Há previsão de um novo ato na Praça Santos Andrade, a partir das 18h.

Brasília

Os manifestantes se concentraram em frente ao Museu da República, na Esplanada dos Ministérios. Dali, seguiram em direção ao Congresso Nacional, portando faixas e cartazes contra o contingenciamento de 3,4% das chamadas despesas discricionárias, ou seja, aquelas não obrigatórias, que o governo pode ou não executar, e que incluem despesas de custeio e investimento. Do alto do carro de som que acompanha a marcha, manifestantes discursam em favor de mais investimentos nas universidades públicas e sobre o risco de o corte de verbas inviabilizar as pesquisas desenvolvidas nos campus acadêmicos. Segundo cálculos da PM, às 11h, o ato reunia cerca de 2 mil pessoas.

Beto Herrera - Manifestantes fazem protesto na Candelária contra o corte de verba no ensino federal