ASSINE
search button

Bolsonaro gravou vídeo após ser cobrado por líderes evangélicos sobre fala de secretário

REUTERS/Adriano Machado -
Jair Bolsonaro
Compartilhar

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Eleito com grande apoio da bancada evangélica, o presidente Jair Bolsonaro gravou um vídeo negando que seu governo cobrará impostos das igrejas após ser questionado por líderes do grupo na manhã desta segunda-feira (29).

Bolsonaro recebeu ligações de representantes da bancada após o Secretário da Receita, Marcos Cintra, ter dito em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que um novo tributo, que deve ser criado para simplificar o modelo de arrecadação no país, teria ampla abrangência, recaindo inclusive sobre igrejas. Essas instituições hoje são isentas.

Macaque in the trees
Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

O presidente disse aos parlamentares que foi pego de surpresa com a declaração e informou que gravaria um vídeo para negar a cobrança de impostos.

Da base área de Brasília, de onde embarcou na manhã desta segunda para Ribeirão Preto (SP), Bolsonaro gravou um vídeo no qual diz ter sido surpreendido com a declaração de Cintra de que até fiéis pagariam impostos sobre o dízimo. Em uma mensagem de 41 segundos, Bolsonaro disse duas vezes que nenhum imposto será criado para as igrejas.

"Quero me dirigir a todos vocês, dizendo que essa declaração não procede. Quero dizer que em nosso governo nenhum novo imposto será criado, em especial contra as igrejas, que, além de terem um excelente trabalho social prestado a toda a comunidade, reclamam eles, em parte com razão ao meu entendimento, que há uma bitributação nessa área", afirmou.

Ao final da mensagem, Bolsonaro fez questão de reforçar: "Então, bem claro: não haverá novo imposto para as igrejas. Bom dia a todos. E fiquem com Deus".

O vídeo foi então distribuído para os líderes pelo WhatsApp antes mesmo de ser divulgado nas redes sociais do presidente.

Antes de fazer a gravação, Bolsonaro telefonou para o ministro da Economia, Paulo Guedes, questionando a declaração do secretário e avisando que desautorizaria sua fala.

À tarde, após retornar da abertura de um evento do Agronegócio no interior paulista, o presidente terá reuniões com Guedes e Cintra. A agenda já estava prevista desde sexta-feira (26).

A aliados, Guedes defende que a fala de Cintra foi descontextualizada e vai trabalhar pela manutenção do secretário no cargo, argumentando o conhecimento técnico dele na área que comanda.

O governo trabalha em paralelo à reforma da Previdência com a construção de um projeto para modificar a estrutura tributária do país.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o secretário da Receita falou sobre a criação de um novo imposto que acabaria com a contribuição previdenciária que incide sobre a folha de pagamento.

O novo tributo incidiria sobre todas as transações financeiras, bancárias ou não, com alíquota de 0,9% e rateado entre as duas pontas da operação (quem paga e quem recebe).

"Isso vai ser polêmico", reconheceu. "A base da CP é universal, todo o mundo vai pagar esse imposto, igreja, a economia informal, até o contrabando", afirmou Cintra.

Na reforma tributária que está elaborando, o novo tributo substituiria a contribuição previdenciária sobre os salários, que drena R$ 350 bilhões por ano de empresas e trabalhadores.

"Vai ser pecado tributar salário no Brasil", disse.