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Brasileira na final do Teacher Prize

Agência Brasil -
Débora Garofalo é professora na periferia de SP
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Com um projeto de ensino de robótica com sucata para estudantes de escola pública, Débora Garofalo foi selecionada entre mais de 10 mil candidatos de várias nacionalidades e está entre os dez melhores professores do mundo. A professora de Língua Portuguesa, que ensina tecnologia na periferia de São Paulo, é finalista no Global Teacher Prize 2019, prêmio internacional que reconhece métodos inovadores e criativos para lecionar e oferece prêmio de US$ 1 milhão.

Desde o início do projeto, em 2015, mais de uma tonelada de materiais recicláveis foram retirados das ruas da cidade e transformados em protótipos - produtos de um trabalho da fase de teste - na Escola Municipal Ensino Fundamental Almirante Ary Parreira, na Vila Babilônia, zona sul.

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Débora Garofalo é professora na periferia de SP (Foto: Agência Brasil)

"O projeto de robótica com sucata nasceu da vontade de transformar a vida das crianças da periferia aqui da cidade de São Paulo. Eu sempre acreditei, como professora, que a educação só faz sentido se ela puder ser significativa e se ela puder ter esse caráter transformador", disse Débora.

"Eu queria trazer essa visão para as crianças de que a tecnologia é uma propulsora da aprendizagem e que, na educação básica, a gente podia então trabalhar esses conceitos. Só que eu não tinha nenhum material para começar e eu também não queria que esse ensino fosse limitado a um grupo de alunos". Até hoje já passaram pelas aulas de robótica cerca de 2 mil estudantes.

A realidade local também foi decisiva para o projeto, já que a comunidade sofria com enchentes e lixo nas ruas. "A primeira coisa que as crianças me relatavam é que, em dias de chuva - e a gente começa dar aula sempre no mês de fevereiro que é um mês muito chuvoso -, eles não iam para a escola porque as casas deles alagavam, o acesso para ir para a escola alagava e eles perdiam tudo".

O sucesso do projeto trouxe grandes lições, de acordo com a professora. Uma delas é pensar em uma escola que não só produza mais conhecimento, mas que comece a contribuir com soluções locais.

Jovens de 6 a 14 anos aprendem sobre montagem de motor, circuitos e programação para, então, terem autonomia e pensarem no que vão construir. "Em um primeiro momento, a gente olha bem para esses materiais que a gente recolheu porque são materiais diversos e aí [os alunos] vão começar a pensar e estruturar o que eles gostariam de construir", contou.

Já foram construídos brinquedos, um pequeno semáforo, uma máquina de refrigerante, robôs, barata e aranha robóticas, além de soluções para questões práticas da vida. "Um aluno criou uma casa sustentável. Uma réplica da casa dele, mas totalmente sustentável, com energia solar, usando o arduino [placas programáveis] para ligar e desligar [a luz] em horários para fazer economia de energia. A gente vê que nasce um pouco de tudo, inclusive soluções para o dia a dia", disse a professora.

"O foco do nosso trabalho realmente é um trabalho sustentável, não é só ensinar robótica, é mostrar que a gente pode intervir nessa sociedade transformando esse material, reciclando, reutilizando", acrescentou. "Quando a gente pensa no ensino de robótica, todo mundo fala 'precisa ter altos recursos para trabalhar robótica' e a gente quis também desmitificar isso, porque a robótica nada mais é do que você encontrar soluções, então trabalhar de forma sustentável foi uma das nossas soluções".

Débora comemorou a abertura e disposição da escola em apoiar o projeto. "Eu lembro a primeira vez que eu fiz uma aula no pátio, justamente porque a minha sala não tinha tanto espaço e a gente foi produzir alguns protótipos no pátio, utilizando as mesas. A coordenadora chegou e falou 'eu nunca imaginei uma aula de tecnologia fora do laboratório', então houve uma mudança cultural das pessoas", disse.

A professora promove formação em todo país para outros professores sobre o ensino de robótica com sucata. "Nós só chegamos a essa etapa do prêmio justamente por ter esses dados comprobatórios que o trabalho é replicável, porque é uma das exigências do prêmio". Débora Garofalo é a primeira mulher brasileira a chegar à final do Global Teacher Prize 2019, que anunciará o vencedor no dia 24 de março em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. (Agência Brasil)