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Pânico em Congonhas

Cristiane Matos/Futura Press/AE -
Prefeitura de Congonhas (MG) encerra operações na barragem de Casa de Pedra, da CSN (ao fundo). Após Brumadinho, cidade vive com medo
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As operações da Barragem Casa de Pedra, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), instalada há cerca de 300 metros de bairros residenciais de Congonhas, na Região Central de Minas Gerais, serão encerradas. O anúncio foi feito na tarde de ontem (30) pela prefeitura da cidade. “A barragem, que está posicionada nas proximidades de bairros residenciais de Congonhas, entrará em processo de secagem. Com isto será descomissionada e depois revegetada”, disse a nota. A operação da Casa de Pedra é polêmica. Em outubro de 2017, um parecer do MP apontou risco de rompimento na barragem e determinou que a CSN tomasse uma série de medidas para sanar danos. Conforme o órgão, a empresa executou as determinações.

Segundo a prefeitura, a barragem está na Classe 6, a mais alta em categoria de risco e de dano potencial associados. Ela possui atualmente um maciço com aproximadamente 76 metros de altura, com capacidade de acumular cerca de 50 milhões de m³ de rejeito, segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, mais que o quádruplo da mina do Córrego do Feijão em Brumadinho.

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Prefeitura de Congonhas (MG) encerra operações na barragem de Casa de Pedra, da CSN (ao fundo). Após Brumadinho, cidade vive com medo (Foto: Cristiane Matos/Futura Press/AE)

População de Congonhas, cidade dos 12 profetas de Aleijadinho, se reuniu na terça-feira (29) para cobrar mais segurança por parte da CSN. O clima na cidade é de tensão desde a tragédia de Brumadinho. Moradores não conseguem dormir desde o rompimento da barragem da Vale. Um estudo da própria mineradora apontou que, em caso de rompimento, os rejeitos da Casa de Pedra atingiriam quase que imediatamente uma área com cerca de 350 casas e 1,5 mil pessoas. Essas pessoas participaram de um simulado em 2017 e cerca de 400 placas foram instaladas na região.

A CSN se limitou a dizer que a barragem foi feita à jusante, diferente dos modelos aplicados em Brumadinho e Mariana. Ela não vai comentar o descomissionamento. Segundo a prefeitura, em reunião com a empresa, foi anunciada a aquisição de equipamentos italianos para realizar a disposição de rejeitos a seco por empilhamento. “Eles irão auxiliar na diminuição de material que é depositado em barragens. Segundo a mineradora, uma parte destes equipamentos já está funcionando”, disse a nota.