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O estilo Mourão

Presidente interino, general defende elevação de tempo de serviço dos militares para 35 anos

Romério Cunha/VPR -
No exercício da Presidência, Mourão decidiu despachar em seu gabinete de vice, onde recebeu o general Rêgo Barros, porta-voz do Planalto
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O presidente em exercício, general Hamilton Mourão, defendeu, ontem, à elevação do tempo de serviço prestado na carreira militar em uma eventual reforma previdenciária. Em entrevista à Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, Mourão disse que o grupo militar que participa das discussões sobre a reforma analisa a elevação dos atuais 30 anos para 35.

“O tempo de permanência no serviço ativo é um dos pontos que estão sendo discutidos e será apresentado pelo grupo militar como uma forma de mitigar esse gasto que a União e os estados têm com as suas Forças Armadas e forças policiais. Hoje essa questão da permanência por 30 anos no serviço ativo, eu acho que ela irá mudar. Acho que vai aumentar.”

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No exercício da Presidência, Mourão decidiu despachar em seu gabinete de vice, onde recebeu o general Rêgo Barros, porta-voz do Planalto (Foto: Romério Cunha/VPR)

Ao comentar o assunto, Mourão citou sua própria história como exemplo. “Esta é a minha posição como indivíduo. Tendo permanecido 46 anos dentro do Exército, eu também concordo que não é licito para qualquer sociedade ter alguém que se aposenta com 44 anos”.

O general informou ainda que o grupo de trabalho estuda alterações no benefício pago a pensionistas, como a inclusão do desconto da contribuição previdenciária nas pensões. Atualmente, viúvos de militares não descontam. “São mudanças que seriam positivas para o país”, completou ele, ao chegar ao Anexo II do Palácio do Planalto.

Em seu primeiro dia respondendo interinamente como presidente, Mourão optou por despachar em seu próprio gabinete e assim pretende manter até o início de fevereiro, enquanto o presidente Jair Bolsonaro se recuperar da cirurgia que fará tão logo retorne de Davos, na Suíça. Ontem, ele teve agenda cheia, já que acumulou a própria e a de Bolsonaro. Militares foram as principais personagens da agenda. Primeiro, às 9h, Mourão recebeu o ministro da Defesa, general Luiz Fernando Azevedo e, em seguida, o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros. À tarde, abriu as portas para mais três militares. Constaram da agenda também reuniões, em separado, com os embaixadores da Alemanha, Georg Witschel, e da Tailândia. Surasak Suparat. Mourão discutiu também, com Miguel Angelo da Gama Bentes, empresário da CSN, projetos de mineração.

Na entrevista à Gaucha, o presidente em exercício defendeu ainda a flexibilização das normas relacionadas ao porte de arma. “Eu sou favorável. O principal é a condição psicológica”, disse, ressaltando que para conceder a licença para o porte, sejam feitos rigorosos testes técnicos e psicológicos. Mourão foi indagado se, mesmo com os testes, alguém não poderia matar um inocente. “Não me preocupo”, disse, “porque quem tem morrido são os inocentes, mortos por essa bandidagem que nos assola nas grandes cidades. Esses é que têm sido assassinados”.

Mourão disse que manterá rotina discreta no período em que estiver à frente do Executivo. “Além da minha rotina normal, haverá assinatura de atos de rotina, como nomeações que já foram aprovadas, mas não chegaram a Bolsonaro para assinar. Fora isso, não haverá nenhuma novidade”, assegurou. “É importante que todo mundo tenha consciência de que é para isso que existe o vice-presidente: num afastamento do presidente, que a normalidade seja mantida”.