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Ao deixar o comando do Exército, Villas Bôas diz que o país se livrou das amarras ideológicas

Marcos Corrêa/PR -
Em discurso lido pelo cerimonial do Exército, o general Villas Bôas afirmou que o presidente Jair Bolsonaro "traz a necessária renovação
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O general Eduardo Villas Bôas disse ontem, na cerimônia de transmissão de cargo para o seu substituto, general Edson Leal Pujol, que a eleição do presidente Jair Bolsonaro libertou o Brasil das “amarras ideológicas”. Por causa da doença degenerativa que impede que fale durante muito tempo, o general teve o seu discurso lido pelo cerimonial do Exército.

“O senhor traz a necessária renovação e a liberação das amarras ideológicas que sequestraram o livre pensar, embotaram o discernimento e induziram a um pensamento único, nefasto”, disse o coronel, referindo-se ao presidente. Ele também não poupou elogios ao ministro da Justiça Sérgio Moro, “protagonista da cruzada contra a corrupção ora em curso”. Para o ex-comandante, Moro, juntamente com Bolsonaro e o general Braga Netto, que coordenou a intervenção federal no Rio de Janeiro, foram personagens decisivos, em 2018, “para que o rio da história voltasse ao seu curso normal”.

“O Brasil muito lhes deve”, apontou o general, para quem Bolsonaro “fez com que se liberassem novas energias, um forte entusiasmo e um sentimento patriótico há muito tempo adormecido”. Villas Bôas não deixou de citar, sem elogios, a ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-ministro da Defesa e agora senador eleito Jaques Wagner, responsáveis pela sua nomeação, em 2015. “A ambos sou reconhecido”, disse.

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Em discurso lido pelo cerimonial do Exército, o general Villas Bôas afirmou que o presidente Jair Bolsonaro "traz a necessária renovação (Foto: Marcos Corrêa/PR)

No ano passado, na véspera do julgamento do pedido de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Supremo Tribunal Federal (STF), o general causou polêmica ao publicar dois comentários em seu perfil no Twitter, lidos no Jornal Nacional, da TV Globo, no qual apelava contra a concessão. “Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”, dizia uma das postagens.

As falas do general à época causaram reação de lideranças políticas e até do decano do Supremo, ministro Celso de Mello, que afirmou, em seu voto, que as declarações de Villas Boas pareciam “prenunciar a retomada, de todo inadmissível, de práticas estranhas (e lesivas) à ortodoxia constitucional”. Ele votou a favor do HC por ser contrário à prisão em segunda instância.

Na cerimônia de ontem, o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, declarou que “a maior entrega deste comandante é o que ele conseguiu evitar”. Ao se referir à história recente do Brasil, o ministro apontou a capacidade de liderança “conciliadora” e “equilibrada” como características que permitiram o protagonismo do Exército, citando a intervenção militar no Rio de Janeiro, o acolhimento de refugiados na Venezuela e a atuação na greve dos caminhoneiros como alguns dos exemplos.

“Foram tempos que colocaram à prova a postura do Exército como organismo de Estado, isento da política e obediente ao regramento democrático. [Villas Bôas] manteve a ética como parceira do cotidiano militar e induziu a disciplina consciente como modelo de comportamento”, disse Azevedo e Silva.

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