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Coaf denuncia ex-assessor de Flávio Bolsonaro

Fabricio Queiroz efetuou movimentações atípicas de R$ 1,2 milhão

Tânia Rêgo/Agência Brasil -
No Twitter, Flávio afirmou que Queiroz foi exonerado em outubro, a pedido
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O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, saiu ontem em defesa do seu ex-assessor, Fabricio Queiroz, e disse que “nunca soube de algo que desabonasse sua conduta”. “Fabricio Queiroz trabalhou comigo por mais de dez anos e sempre foi da minha confiança. Nunca soube de algo que desabonasse sua conduta. Em outubro foi exonerado, a pedido, para tratar de sua passagem para a inatividade. Tenho certeza de que ele dará todos os esclarecimentos”, disse o senador pelo Twitter, depois que foram descobertas movimentações atípicas no valor de R$ 1,2 milhão na conta bancária do ex-assessor.

Segundo o documento divulgado pelo jornal “O Estado de S Paulo”, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) considerou irregulares as movimentações de Queiroz porque elas são “incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional e a capacidade financeira” do ex-assessor parlamentar. O relatório, encaminhado ao Ministério Público Federal, também cita que foram encontradas transações envolvendo dinheiro em espécie, embora Queiroz exercesse uma atividade cuja “característica é a utilização de outros instrumentos de transferência de recurso”.

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No Twitter, Flávio afirmou que Queiroz foi exonerado em outubro, a pedido (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

A citação aparece no relatório da Operação Furna da Onça, do MPF, que investiga o envolvimento dos parlamentares estaduais em um esquema de pagamento de “mensalinho” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e que prendeu dez deputados. Nem Flávio Bolsonaro nem o seu ex-motorista foram alvo da operação. Queiroz foi exonerado do gabinete de Flávio no dia 16 de outubro “para tratar de sua passagem para a inatividade”. Ele era registrado com cargo em comissão com salário de R$ 8.517 e atuava como motorista e segurança do deputado estadual. E acumulava rendimentos mensais de R$ 12,6 mil da Polícia Militar.

O Coaf mapeou todos os funcionários e ex-servidores da Alerj citados sobre transações financeiras suspeitas. O órgão também encontrou cerca de R$ 320 mil em saque na conta do ex-motorista. E chamaram a atenção dos investigadores as transações realizadas entre Queiroz e outros funcionários da Assembleia. Segundo o Coaf, entre fevereiro e abril do ano passado, o banco comunicou sobre dez transações “fracionadas” no valor total de R$ 49 mil que poderiam configurar uma “possível tentativa de burla aos controles”. Uma das transações na conta de Queiroz é um cheque de R$ 24 mil destinado à futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro. A compensação do cheque aparece na lista sobre valores pagos pelo PM.

Ao ser procurado para se manifestar sobre o caso, o policial militar respondeu que não sabe “nada sobre o assunto”. A chefia de gabinete de Flávio Bolsonaro confirmou que Queiroz trabalhou por mais de dez anos como segurança e motorista do deputado, “com quem construiu uma relação de amizade e confiança”.