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O impasse de Roraima

Governador eleito quer dividir imigrantes venezuelanos com outros estados

Marcelo Camargo/Agência Brasil -
Imigrantes venezuelanos
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A solução para a migração de venezuelanos passa por mais investimentos federais em Roraima, por maior controle na entrada dos refugiados, por programas de acolhimento em outros estados brasileiros e de devolução dessas pessoas para o país de origem. A avaliação é do governador eleito de Roraima, Antônio Denarium (PSL).

Denarium disse que, mesmo antes de tomar posse, tratou da questão com o presidente eleito Jair Bolsonaro, com o governo do presidente Michel Temer e com parlamentares brasileiros e venezuelanos, representantes do Parlamento do Mercosul. Também abordou o assunto no encontro de governadores, uma vez que outros estados também recebem refugiados venezuelanos.

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Imigrantes venezuelanos cruzam a fronteira com o Brasil. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Para o governador eleito, a crise migratória é “muito séria” e está sobrecarregando os serviços públicos de Roraima, especialmente as redes de saúde, educação e segurança pública.

Segundo Denarium, entram no Brasil, por Roraima, de 800 a mil venezuelanos por dia, e boa parte não tem formação adequada para conseguir emprego. “Roraima está vivendo um caos. É preciso ter consciência que, em um estado com 500 mil habitantes, não vão caber 32 milhões de venezuelanos. Então, esse problema da migração de venezuelanos não é só de Roraima. É um problema do Brasil”, afirmou.

O governador eleito defende que o governo brasileiro faça um plano de retorno dos venezuelanos, contratando empresas de ônibus para levá-los à Venezuela e pagando as despesas no trajeto.

Há levantamentos, segundo Denarium, indicando que cerca de 2 mil venezuelanos querem retornar para a comunidade de origem, mas não têm dinheiro para custear a viagem. Bolsonaro manifestou-se ontem contrário à proposta do governador eleito de Roraima. Para o presidente eleito, os venezuelanos não são mercadorias para serem devolvidos. Ele defendeu um controle mais rígido na entrada dos venezuelanos no Brasil e a criação de campos de refugiados.

Para Denarium, é preciso endurecer o controle na fronteira de Roraima com a Venezuela e restringir o acesso de refugiados. Segundo ele, seria necessário cobrar cartão de vacinação e atestado de bons antecedentes, para evitar a entrada de doenças e de criminosos. “Como eles estão vindo como refugiados, não precisam apresentar documentos, simplesmente passam pela fronteira”, explicou.

O governador eleito disse ter se reunido no Ministério dos Direitos Humanos e discutido a interiorização dos venezuelanos, que já vem ocorrendo. Estados como São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal, têm recebido grupos de venezuelanos. A proposta é aprimorar essa medida, pagando uma bolsa para as famílias que acolherem os venezuelanos. “A ideia é R$ 300 por mês, por venezuelano acolhido. Então, se uma família lá de Santa Catarina absorver uma família de venezuelanos, com quatro pessoas, receberia uma bolsa de R$ 1.200, por seis meses. Esse é o período ideal para introduzir os venezuelanos na sociedade local e no mercado de trabalho”, afirmou Denarium.