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Em carta, novo ministro da Educação defende 'preservação da família e da moral humanista'

Rodríguez, que defende a Escola Sem Partido, destaca que a solução para a educação é uma política educacional que "olhe para as pessoas"

Reprodução Youtube -
Ricardo Vélez Rodríguez
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O filósofo colombiano Ricardo Vélez Rodríguez divulgou carta nesta sexta-feira (23) - um dia após ser indicado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro para o Ministério da Educação - defendendo a "preservação da família e da moral humanista", e afirmando que a sociedade brasileira é "na sua essência, conservadora e avessa a experiências".

Rodríguez destaca que a solução para que a educação brasileira tenha “destaque no contexto internacional” é uma política educacional que “olhe para as pessoas”.

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Ricardo Vélez Rodríguez (Foto: Reprodução Youtube)

Vélez estudou filosofia na Universidade Pontifícia Javeriana. Fez mestrado na PUC do Rio e doutorado na Universidade Gama Filho. Pós-doutor pelo Centro de Pesquisas Políticas Raymond Aron, em Paris, é professor associado da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG).

Crítico do PT e do marxismo, escancara o posicionamento em seu blog “Rocinante”, criado em 2009 - cujo nome é uma homenagem ao cavalo de Dom Quixote, personagem do livro do espanhol Miguel de Cervantes Saavedra. Ele qualifica o blog como " um espaço para defesa da Liberdade, da forma incondicional em que Dom Quixote fazia nas suas heroicas empreitadas!"

Já fez no blog a defesa da escola sem partido, uma obsessão do presidente eleito Jair Bolsonaro. Para Vélez, trata-se de providencia fundamental, porque "o mundo de hoje está submetido, todos sabemos, à tentação totalitária, decorrente de o Estado ocupar todos os espaços, o que tornaria praticamente impossível o exercício da liberdade por parte dos indivíduos".

O colombiano naturalizado brasileiro chegou aqui em 1979. Depois de quase quatro décadas no Pais, defende que todas as escolas brasileiras devem ter " Conselhos de Ética", para zelar pela educação moral dos alunos. " Não se trata de comitês de moralismo, nem de juntas de censura. Trata-se de institucionalizar a reflexão sobre matérias éticas e acerca da forma em que cada escola está correspondendo a essa exigência", escreveu em seu blog.

>> Ministro da Educação de Bolsonaro defende Escola Sem Partido e conselho de ética em escolas

Veja, na íntegra, a carta:

Tive a honra de ser nomeado Ministro de Educação pelo presidente eleito Jair Messias Bolsonaro. O motivo que me levou a apoiar a candidatura à Presidência da República do candidato Bolsonaro foi simples: ele externou a opinião da grande maioria do povo brasileiro, explicitada no desejo de ver consolidada uma nova forma de fazer política, longe das velhas práticas clientelistas e da tradicional negociação de cargos por benefícios pessoais.

No cenário político que antecedeu as eleições, o candidato Jair Bolsonaro afinou-se com o desejo da grande massa dos setores populares, que estava cansada da república dos favores. As passeatas que percorreram ruas e praças Brasil afora, desde 2013, tinham como cerne a motivação de buscar uma nova forma de administrar o Brasil: em benefício dos cidadãos, que pagam impostos, colocando em função deles as instituições republicanas, corroídas pela corrupção em larga escala revelada pela Operação Lava Jato. O candidato Bolsonaro explicitou esse desejo dos eleitores no seu slogan: “Menos Brasília e mais Brasil”.

Quero deixar claro que o meu desejo é cumprir a contento o ideal proposto pelo nosso presidente eleito. A legislação e a gestão da Educação devem ir ao encontro das expectativas da sociedade. Devem levar em consideração primordialmente a dignidade das pessoas envolvidas, tanto os alunos quanto suas famílias, tanto os professores quanto os administradores. A instrumentalização ideológica da educação em aras de um socialismo vácuo terminou polarizando o debate ao longo dos últimos anos.

Pretendo colocar a gestão da Educação e a elaboração de normas no contexto da preservação de valores caros à sociedade brasileira, que, na sua essência, é conservadora e avessa a experiências que pretendem passar por cima de valores tradicionais ligados à preservação da família e da moral humanista. A preservação de um pano de fundo de respeito à pessoa humana é fundamental. Não à discriminação de qualquer tipo. Não à instrumentalização da educação com finalidade político-partidária. Sim a uma educação que olha para as pessoas, preservando os seus valores e a sua liberdade.

Precisamos recolocar a nossa Educação Básica, Superior, Profissional e Tecnológica em patamares que nos posicionem em destaque no contexto internacional. Assistimos a uma desvalorização da figura dos professores, notadamente no Ensino Fundamental e Médio. Ora, essa situação negativa deve ser revertida mediante uma política educacional que olhe para as pessoas. O sistema educacional deve olhar mais para as pessoas ali onde elas residem: nos municípios. O Estado brasileiro, desde Getúlio Vargas, formatou um modelo educacional rígido que enquadrava todos os cidadãos, olhando-os de cima para baixo, deixando em segundo plano a perspectiva individual e as diferenças regionais.

Tocqueville frisava que o município é a escola primária da democracia. É o município que deve ser o foco na organização da nossa legislação educacional, olhando para as diferenças regionais e levando em consideração os interesses dos cidadãos onde eles residem. “Menos Brasília e mais Brasil”, apregoou o candidato presidencial eleito durante a campanha. Pretendo tornar realidade esse ideal.

Brasil acima de tudo, Deus acima de todos.

Ricardo Vélez Rodríguez, Ministro da Educação Indicado