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Desarmando a pauta-bomba

Bolsonaro tenta aparar arestas com Congresso, mas avisa que aguarda a próxima legislatura

Ernesto Rodrigues/AE -
No café da manhã com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, Bolsonaro disse que não vai interferir nas questões internas do Legislativo
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O presidente eleito Jair Bolsonaro está fazendo o possível para evitar que o Congresso aprove uma pauta-bomba, jogando em seu colo projetos que aumentam ainda mais os gastos públicos. Nessa estratégia, ele busca também aliviar o caixa com a votação de medidas como a Reforma Previdenciária ou a Medida Provisória 841/2018 que transfere parte dos recursos arrecadados com as loterias para políticas de segurança pública e ameaça perder a validade.

Do outro lado da mesa na qual estava servido o café da manhã, ontem, pontualmente às 8h30, estava Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, que renunciou à candidatura pelo DEM à Presidência da República com a condição de ser reconduzido ao atual cargo com apoio da ampla bancada de centro e contando também que teria o apoio do governante eleito, qualquer que fosse ele. Contrariando o protocolo que vinha seguindo nos encontros com chefes de Poderes, Bolsonaro não se deslocou até a Câmara para visitar o seu presidente. Maia é que foi ao Centro Cultural Banco do Brasil, onde está instalado o escritório do governo de transição.

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No café da manhã com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, Bolsonaro disse que não vai interferir nas questões internas do Legislativo (Foto: Ernesto Rodrigues/AE)

O presidente da Câmara integra o DEM, partido que já tem garantidos dois ministérios no próximo governo e pode até abocanhar mais uma ou duas pastas, caso o nome do deputado Luiz Henrique Mandetta (MS) seja mesmo o escolhido para o Ministério da Saúde e o ex-ministro Mendonça Filho (PE), reconduzido à Educação. Candidato derrotado ao Senado, Mendonça Filho tem a sua passagem pelo Ministério da Educação avaliada como positiva pela equipe de Bolsonaro e disputa com Viviane Senna a indicação.

No encontro, Bolsonaro apelou a Maia, a pedido do futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, que desse celeridade à votação da MP que trata da ampliação dos recursos que saem das loterias para o Fundo Nacional ampliar os recursos para o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP).

Ao mesmo tempo, avisou que não vai interferir em questões internas do Parlamento, como o apoio à recondução de Maia “até porque há outros candidatos bons”. Ele disse ainda que não orientou a bancada de seu partido, a segunda maior da Câmara na nova legislatura, porque “bancada só a partir de fevereiro”.

Ao posarem juntos e sorridentes na garagem do prédio, o futuro comandante do Executivo e o atual chefe do Legislativo sinalizaram uma possível correção na fissura provocada por desentendimentos públicos entre integrantes da equipe de Bolsonaro e os presidentes das duas casas parlamentares. Na semana passada, por exemplo, o futuro ministro da área econômica Paulo Guedes disse que seria dada “uma prensa” no Congresso e obteve como resposta do seu presidente Eunício Oliveira (PMDB) a votação do aumento de 16,38% do salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

O presidente eleito ouviu de Rodrigo Maia sobre as dificuldades em aprovar projetos em final de legislatura, considerando ainda que o elevado número de atuais parlamentares que não se elegeram.